sábado, 1 de março de 2008

Pára-choque de caminhão

Não beba dirigindo, você pode derrubar a cerveja.

Sexo demais prejudica a memória, e outra coisa que não me lembro.

Perigo não é um cavalo na pista, é um burro da direção.

Tudo que eu tenho na vida devo aos meus credores.

Queria ser pobre uma vez na vida, porque ser todo dia não é fácil.

Beijo não mata a fome, mas abre o apetite.

Melhor negócio do mundo: abrir um puteiro, porque se você falir ainda pode comer o estoque.

Se um dia você for traído e pensar em se jogar de um prédio, lembre-se: você tem chifres, não asas!

Na subida paciência, na descida dá lincença!

Deus pôde fazer o mundo em seis dias porque não tinha ninguém perguntando quando ia ficar pronto.

Mulher feia e ventania são iguais: quebram o galho.

O sol nasceu para todos. A sombra para alguns.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Baiano, uma raça privilegiada


Nizan Guanaes

Quando eu conheci Jorge Amado em Paris, ele me levou para almoçar num bistrô perto do seu apartamento no Marais. Ao longo do caminho, fiquei pensando em algo bem inteligente para impressionar o grande escritor. Ao sentarmos à mesa ele disparou: “Nizan, você já reparou como a bunda da Mãe Cleusa é grande?”.

A Bahia é assim. Desconcertante.

Pense num absurdo, multiplique por dois: na Bahia já aconteceu. Há em Salvador uma casa funerária que se chama Decorativa e uma companhia de taxi aéreo que se chama BATA (Bahia Taxi Aéreo).

É dentro deste espírito que a Bahia surpreende desde 1500. Caetano Veloso me disse rindo que os baianos e os judeus se julgam raças eleitas e (sic) que ambos têm razão.

Se somos ou não raça eleita, há controvérsia. Mas que é uma raça privilegiada não há dúvida. Castro Alves, Rui Barbosa, Jorge Amado, Assis Valente, João Gilberto, Caetano, Gal, Gil, Bethânia, Daniela Mercury, Glauber Rocha, Dorival e Nana Caymmi, Raul Seixas, Ivete Sangalo e agora Piti. Não pode ser coincidência.

Não é.

É fruto da energia que o índio enterrou, que o português descobriu misturado com o axé que o negro trouxe. É essa energia que buscam os cansados, os estressados, os sem esperança, os de alma ou cadeira dura. E a Bahia os acolhe com sua graça e sua benção.

Dianne Vreeland diz na peça Full Gallop, grande sucesso na Broadway, que o azul mais bonito é o céu da Bahia. Tudo na Bahia tem luz, sobretudo as pessoas. Que em sua simplicidade, com sua fé, com suas peles negras e dentes alvos, dançam, cantam e iluminam um mundo rico, mas cada vez mais pobre.

Um desses endinheirados, mas pobres de espírito, certa vez resolveu pegar no meu pé, numa festa, e me perguntou: “Se a Bahia é tão boa, por que você não mora lá?. O Orixá me ajudou e eu respondi na lata: “Porque lá eu não me destaco, são todos baianos”.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

HUMOR

Após uma longa doença, a mulher morreu e chegou aos portões do céu. Enquanto aguardava São Pedro, ela espiou pelas grades e viu, sentados à mesa, apreciando um maravilhoso banquete, seus pais, amigos e todos que haviam partido antes dela. Quando São Pedro chegou, ela comentou:
- Que lugar lindo! Como faço para entrar?
- Para ser admitida aqui, você tem de soletrar uma palavra e acertar de primeira – respondeu ele.
- Que palavra?
- Amor.
Ela soletrou corretamente e passou pelos portões.
Um ano depois, São Pedro pediu que ela vigiasse os portões. Para surpresa dela, o marido apareceu.
- Que surpresa! – disse ela. - Como você está?
- Muito bem. Casei-me com aquela bela enfermeira que cuidou de você, ganhei na loteria e fiquei milionário. Vendi a casa onde morávamos e comprei uma mansão. Minha mulher e eu viajamos pelo mundo todo. Estávamos de férias e hoje fui esquiar. Caí, o esqui bateu na minha cabeça e cá estou. Então, como faço para entrar?
- Você tem de soletrar uma palavra e acertar de primeira.
- Qual palavra?
- Otorrinolaringologista.

*****************************************

A mulher diz ao marido durante um passeio na praça:
- Vou dar uma moeda ao cego, pois ele pediu com educação: “Dê-me uma moeda, bela senhora!”
- Ele disse “bela senhora”?
- Disse, sim
- Pois então dê, porque é cego mesmo.

*****************************************

Dirigindo pela BR-116, o motorista do caminhão ouve no rádio: “Atenção, senhores motoristas que estão trafegando pela BR-116! Muito cuidado no trecho entre os quilômetros 235 e 280, pois há um louco dirigindo um caminhão na contramão!”
E o motorista:
- Um só? Tem uma porção!

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

QUARTA POÉTICA - VINICIUS DE MORAIS


Vinicius de Moraes


Soneto da Separação

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.


Soneto de Fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Sobre minha experiência com as drogas


Luiz Fernando Verissimo

Tudo começou quando eu tinha uns 14 anos e um amigo chegou com aquele papo "experimenta, depois quando você quiser é só parar..." e eu fui na dele. Primeiro ele me ofereceu coisa leve, disse que era de "raiz", da terra, que não fazia mal, e me deu um inofensivo disco do Chitãozinho e Xororó e em seguida um do "Leandro e Leonardo". Achei legal, uma coisa bem brasileira; mas a parada foi ficando mais pesada, o consumo cada vez mais freqüente, comecei a chamar todo mundo de "amigo" e acabei comprando pela primeira vez. Lembro que cheguei na loja e pedi: - Me dá um CD do Zezé de Camargo e Luciano. Era o princípio de tudo! Logo resolvi experimentar algo diferente e ele me ofereceu um CD de Axé. Ele dizia que era para relaxar; sabe, coisa leve... Banda Eva, Cheiro de Amor, Netinho, etc. Com o tempo, meu amigo foi me oferecendo coisas piores: É o Tchan, Companhia do Pagode, Asa de Águia e muito mais. Após o uso contínuo eu já não queria saber de coisas leves, eu queria algo mais pesado, mais desafiador, que me fizesse mexer os quadris como eu nunca havia mexido antes, então, meu amigo me deu o que eu queria, um CD do Harmonia do Samba. Minha bunda passou a ser o centro da minha vida, razão do meu existir. Eu pensava só nesta parte do corpo, respirava por ela, vivia por ela! Mas, depois de muito tempo de consumo, a droga perde efeito, e você começa a querer cada vez mais, mais, mais...

Comecei a freqüentar o submundo e correr atrás das paradas. Foi a partir daí que começou a minha decadência. Fui ao show e ao encontro dos grupos Karametade e Só Pra Contrariar, e até comprei a Caras que tinha o Rodriguinho na capa. Quando dei por mim já estava com o cabelo pintado de loiro, minha mão tinha crescido muito em função do pandeiro, meus polegares já não se mexiam por eu passar o tempo todo fazendo sinais de positivo.

Não deu outra: entrei para um grupo de pagode. Enquanto vários outros viciados cantavam uma música que não dizia nada, eu e mais outros 12 infelizes dançávamos alguns passinhos ensaiados, sorríamos e fazíamos sinais combinados. Lembro-me de um dia quando entrei nas Lojas Americanas e pedi a Coletânea "As melhores do Molejão". Foi terrível!! Eu já não pensava mais!! Meu senso crítico havia sido dissolvido pelas rimas miseráveis e letras pouco arrojadas. Meu cérebro estava travado, não pensava em mais nada. Mas a fase negra ainda estava por vir. Cheguei ao fundo do poço, ao limiar da condição humana, quando comecei a escutar popozudas, bondes, tigrões, motinhas e tapinhas. Comecei a ter delírios, a dizer coisas sem sentido.

Quando saía à noite para as festas pedia tapas na cara e fazia gestos obscenos. Fui cercado por outros drogados, usuários das drogas mais estranhas que queriam me mostrar o caminho das pedras... Minha fraqueza era tanta que estive próximo de sucumbir aos radicais e ser dominado pela droga mais poderosa do mercado: a droga limpa. Hoje estou internado em uma clínica. Meus verdadeiros amigos fizeram a únicacoisa que poderiam ter feito por mim. Meu tratamento está sendo muito duro: dosescavalares de Rock, MPB, Progressivo e Blues. Mas o médico falou que eu talvez tenha de recorrer ao Jazz, e até mesmo a Mozarth e Bach.

Queria aproveitar a oportunidade e aconselhar as pessoas a não se entregarem a esse tipo de droga. Os traficantes só pensam no dinheiro. Eles não se preocupam com a sua saúde, por isso tapam a visão para as coisas boas e te oferecem drogas. Se você não reagir, vai acabar drogado: alienado, inculto, manobrável, consumível, descartável, distante; vai perder as referências e definhar mentalmente. Em vez de encher a cabeça com porcaria, pratique esportes e, na dúvida, se não puder distinguir o que é droga ou não, faça o seguinte: - Não ligue a TV no domingo à tarde; - Não escute nada que venha de Goiânia ou do interior de São Paulo; - Não entre em carros com adesivos"Fui....."; - Se te oferecerem um CD procure saber se o indivíduo foi ao programa da Hebe ou ao Sabadão do Gugu; - Não compre um CD que tenha mais de 6 pessoas na capa; - Não vá a shows em que os suspeitos façam passos ensaiados; - Não compre nenhum CD em que a capa tenha nuvens ao fundo; - Não compre nenhum CD que tenha vendido mais de um milhão de cópias no Brasil; - Não escute nada que o autor não consiga uma concordância verbal mínima. Mas principalmente, duvide de tudo e de todos. A vida é bela!!!! Eu sei que você consegue!!! Diga não às drogas!!

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Expressões Populares - significado e histórico

FEITO NAS COXAS

Significado: Quando alguém faz algo sem muito zelo ou sem qualidade.

Histórico: Na época da escravidão no Brasil, os escravos doentes ou impedidos de alguma forma de realizarem trabalhos pesados eram destinados a realizar uma tarefa teoricamente fácil. Eram os responsáveis por moldar em suas coxas o barro quente que seria utilizado como telhas. O problema é que cada escravo tinha a coxa de tamanho e formato diferentes e, por isso, as telhas eram desiguais. Quando o telhado era montado, ficava torto e com a aparência de que tinha sido malfeito. Daí o surgimento da expressão, costuma-se dizer logo que aquilo foi feito nas coxas.

O PIOR CEGO É O QUE NÃO QUER VER

Significado: Diz-se da pessoa que não quer ver o que está bem na sua frente. Nega-se a ver a verdade.

Histórico: Em 1647, em Nimes, na França, na universidade local, o doutor Vicent de Paul D'Argenrt fez o primeiro transplante de córnea em um aldeão de nome Angel. Foi um sucesso da medicina da época, menos para Angel, que assim que passou a enxergar ficou horrorizado com o mundo que via. Disse que o mundo que ele imaginava era muito melhor. Pediu ao cirurgião que arrancasse seus olhos. O caso foi acabar no tribunal de Paris e no Vaticano. Angel ganhou a causa e entrou para a história como o cego que não quis ver.

ANDAR À TOA

Significado: Andar sem destino, despreocupado, passando o tempo.

Histórico: Toa é a corda com que uma embarcação reboca a outra. Um navio que está “à toa” é o que não tem leme nem rumo, indo para onde o navio que o reboca determinar. Uma mulher à toa, por exemplo, é aquela que é comandada pelos outros. Jorge Ferreira de Vasconcelos já escrevia, em 1619: - Cuidou de levar à toa sua dama.

ONDE JUDAS PERDEU AS BOTAS

Significado: Lugar longe, distante, inacessível.

Histórico: Como todos sabem, depois de trair Jesus e receber 30 dinheiros, Judas caiu em depressão e culpa, vindo a se suicidar enforcando-se numa árvore. Acontece que ele se matou sem as botas. E os 30 dinheiros não foram encontrados com ele. Logo os soldados partiram em busca das botas de Judas, onde, provavelmente, estaria o dinheiro. A história é omissa daí pra frente. Nunca saberemos se acharam ou não as botas e o dinheiro. Mas a expressão atravessou vinte séculos.

Fonte: http://www.suigeneris.pro.br, temporariamente fora do ar.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

A musa e a rosa

Retrato de Deco Lage para sua musa Letícia

Campeonato Baiano Musical


Luiz Botelho

Antigamente, quando eu dispunha de mais tempo para o lazer, passava horas ouvindo músicas nas estações de rádio AM, aqui em Salvador. Minhas estações preferidas eram a Rádio Cruzeiro e a Rádio Bahia, ambas já extintas, que dedicavam um tempo maior do que as outras na execução de canções.

Gostava também de escutar os jogos do Bahia no meu radinho de pilha, companheiro inseparável nas minhas idas à Fonte Nova.

A minha paixão pela música, futebol e rádio era tanta que por muitos anos organizei torneios entre as emissoras de rádio de Salvador. Eram umas sete ou oito estações que jogavam entre si, em turno e returno. A campeã do 1º turno disputava uma melhor-de-três com a campeã do 2º turno e se a mesma emissora vencesse os dois turnos era declarada automaticamente Campeã Baiana Musical. Os jogos se desenrolavam da seguinte maneira: durante 45 minutos eu ia mudando o dial do rádio até sintonizar uma das emissoras concorrentes e caso estivesse tocando uma música que fosse do meu agrado era consignado um gol para essa estação. Porém, para que o gol fosse validado era necessário que a música tocasse por pelo menos um minuto, senão era anulado. Se a música executada fosse da autoria de Chico Buarque era considerado um golaço e nunca era anulado, mesmo que apresentasse apenas seus últimos acordes. Após um intervalo de 15 minutos, começava o 2º tempo, também com 45 minutos de duração, e ao seu final tinha os resultados definitivos dos jogos da rodada.

O grande clássico desses torneios era o jogo Rádio Cruzeiro x Rádio Bahia, pelas razões ditas acima, e o título sempre ficava com uma das duas, embora, de vez em quando, elas perdessem uma partida para uma outra emissora, fato considerado como uma grande zebra.

Atualmente não tenho idéia de quantas emissoras de rádio existem em Salvador, entre AM e FM. Certamente são muitas. Para organizar um torneio hoje entre elas seria necessário dividi-las em Grupos, adotar o sistema de mata-mata, criar divisões com acesso e descenso e outras artimanhas do gênero.
Ainda bem que não disponho mais de muito tempo livre para o lazer.