sábado, 22 de dezembro de 2007

Bom, o Stefan que me mandou esse texto, eu gostei bastante!
Acho que esse texto é bem realista, achei muito bom mesmo!



É preciso acabar com o capitalismo e conquistar um mundo no qual a juventude tenha direito ao lazer, à arte, e à educação. É preciso construir o Socialismo!

O CAPITALISMO TRAZ A GUERRA COMO A NUVEM TRAZ A CHUVA
Os capitalistas prometeram progresso, mas levam o planeta para o abismo. Eles buscam apenas o lucro. O que sobra para a juventude é desemprego, tráfico e morte. Eles invadiram o Afeganistão, o Iraque e o Haiti e suas tropas estão em todo o mundo. Transformaram o planeta num verdadeiro inferno fazendo guerras, destroçando os povos e matando jovens, homens, mulheres e crianças por grana, por petróleo, minérios e biodiversidade.
Privatizam a Saúde, privatizam as empresas estatais e pretendem fazer o mesmo com a Educação. E quem paga a conta somos nós. Como se não bastasse, os capitalistas constroem crises em cima de crises, fecham as fábricas e deixam atrás de si um cemitério de desempregados.

ACABAR COM A PROPRIEDADE PRIVADA E LIBERTAR A JUVENTUDEA
Juventude Revolução organiza jovens que se somam aos trabalhadores no combate para abolir de vez essa classe de parasitas chamada burguesia.
Pondo fim à propriedade privada das fábricas, dos bancos e do latifúndio, conquistaremos um mundo sem exploração do homem pelo homem, sem fome, guerras e desemprego. A felicidade se tornará o cotidiano da juventude e dos trabalhadores. Livres das drogas e da repressão nós teremos lazer, arte e educação. Toda a juventude estudará em escolas e universidades públicas da melhor qualidade. Todo povo terá acesso às bibliotecas, museus, internet, avanços tecnológicos e ao conforto.
O Brasil e o mundo que a juventude precisa construir são socialistas. É preciso acabar com esta falsa democracia que temos nos governos e parlamentos burgueses. O povo trabalhador do campo e da cidade controlará democraticamente toda a sociedade, elegendo diretamente seus representantes em congressos e assembléias populares. Estes representantes serão revogáveis se não cumprirem o seu mandato e assim estarão em permanente aliança com os oprimidos.

VIVA VENEZUELA! VIVA A AMÉRICA LATINA!
A revolução avança na Venezuela e na Bolívia com a mobilização popular e a estatização de empresas, o enfrentamento com o imperialismo e as classes dominantes locais. Os que diziam que o socialismo estava morto e as revoluções não aconteceriam mais estão sem fôlego e perplexos. Eles atacam estas revoluções porque elas mostram que os mortos-vivos são eles, que abandonaram a luta pelo socialismo.
Um vento revolucionário varre a as Américas. E nós amamos estas revoluções porque elas continuam a grande Revolução Russa, que vive nos sonhos e esperanças dos que odeiam toda opressão e exploração. A América será socialista! O mundo será como nosso coração que é vermelho e bate do lado esquerdo do peito!
Esta é a luta da Juventude Revolução!

“VOCÊ PAGOU COM TRAIÇÃO A QUEM SEMPRE LHE DEU A MÃO!”
No Brasil, a classe trabalhadora demonstrou mais uma vez sua força derrotando Alckmin, o candidato burguês e deu um novo mandato para Lula, do PT, contra as privatizações e para mudar a vida. Mas, ao assumir o 2º mandato Lula forma um Governo de Coalizão com a burguesia, atende aos banqueiros e multinacionais e chama o assassino Bush de “companheiro”. E não pára de pagar a Dívida Interna e Externa aos vampiros capitalistas.
Lula não faz a Reforma Agrária, apóia o Agro-negócio e agora privatiza a Amazônia. Aprovou na surdina a “Lei de Gestão de Florestas Públicas” e esperou o Dia da Árvore (21/09/07), para anunciar que realizará leilão para privatizar 90 mil hectares da Floresta Nacional do Jamari, em Rondônia. E é só o primeiro leilão da Amazônia!
Lula começa a privatização total das estradas brasileiras doando patrimônio público aos capitalistas para que façam pedágios e roubem o povo.O governo anuncia a privatização, financiada com dinheiro do BNDES, das usinas hidrelétricas Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira, em Rondônia. E diz que é a principal obra do seu vergonhoso PAC.
E ainda manda a polícia federal invadir as fábricas Cipla e a Interfibra que estavam ocupadas pelos trabalhadores para acabar com o Movimento das Fábricas Ocupadas, que luta pela estatização das fábricas ocupadas e pelo socialismo.
Assim, Lula encoraja a burguesia e sua justiça podre a criminalizar os movimentos sociais tratando o caos social do capitalismo como caso de polícia.
O “realista” Lula deveria romper com os capitalistas e governar com o povo explorado, abrindo uma saída para a construção do socialismo. Se ele não rompe seu governo de colaboração de classes e traição nacional (com PMDB, PP, PTB, PRTB, etc.) os trabalhadores têm o direito de passar por cima e enfrentar os capitalistas nas ruas para constituir um verdadeiro governo dos trabalhadores.

SEJAMOS REALISTAS, SEJAMOS REVOLUCIONÁRIOS!
Dizem que a juventude sonha com o impossível. Mas, os tais “realistas” fracassaram e o Brasil e mundo provam isso. Seu “realismo” só trouxe miséria, desemprego, guerra, destruição ambiental, dor e sofrimento para bilhões de seres humanos. E uma angustiante falta de perspectiva para a juventude.
Nós somos realistas, por isso somos revolucionários. A juventude já sabe que só pode esperar mudar o mundo se mobilizando junto com a classe trabalhadora para arrancar suas reivindicações e defender seus direitos. Por isso vamos às ruas contra os aumentos de tarifa no transporte público, estamos nas greves e manifestações. Por isso a JR apóia as ocupações de fábricas e dos latifúndios.
O único futuro que o capitalismo pode dar à Juventude é a barbárie! Pretender reformar o capitalismo para lhe dar uma face “humana” é cair no canto da sereia! Só a expropriação dos capitalistas pode oferecer à Juventude a perspectiva de uma vida plena. E para isso é preciso um programa e um instrumento político revolucionário.

ESTUDAR A REVOLUÇÃO, ORGANIZAR OS SOCIALISTAS,MOBILIZAR A JUVENTUDE
No dia 03 de fevereiro de 2008 ocorrerá em Joinville, SC, o 10º ENJR - Encontro Nacional da Juventude Revolução.
Vamos reunir os jovens revolucionários do Brasil e organizar os combates pela revolução. Você está convidado a construir este Encontro. Faça contato, já!
Vamos discutir a luta pelo Passe-Livre estudantil e a Estatização do Transporte Coletivo. Como combater as drogas que destroem e tiram a juventude da luta de classes. Nossa luta por um emprego decente. Aprofundar nossa luta contra as cotas e o falso Estatuto da Igualdade Racial. Como botar as nossas tropas nas ruas para obrigar Lula a trazer de volta as tropas que ele mandou para o Haiti. Queremos mais vagas para a Educação, barrar a Reforma Universitária, o REUNI e o FUNDEB.

Vamos aprofundar nosso programa e nossa luta pela construção do instrumento político necessário para a revolução. Aprofundar nossa luta pelo socialismo e nossa relação com a juventude e a classe operária de todo o mundo.

Esta é nossa tarefa. Até 3 de fevereiro de 2008, em Joinville!
PELA REVOLUÇÃO, JUNTE-SE A NÓS!O SOCIALISMO VIVE! VENCEREMOS!WWW.REVOLUCAO.ORG - e-mail: contato@revolucao.org

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Continuando nossa cruzada de salvação


Estamos em promoção !!!


Aproveite você, meu irmão de fé, camarada...


Antecipe seis meses de dízimo e ganhe


um maravilhoso FÍGADO AUTO-LIMPANTE !!!


ah... entregamos e instalamos antes do Natal.

Como cuidar de um bebê de um a três meses

Luiz Botelho

Ser pai sempre foi para mim um desejo incontrolável e planejava ter o máximo de filhos que me fosse permitido. Isso começou quando minha irmã caçula nasceu, aquela bonequinha que se mexia, chorava e falava sem precisar de pilhas. Contava então com sete anos de idade e ensinei "minha filhinha" a me chamar de Papaiz. Agora, passados muitos anos, a filha dela, "minha netinha", uma princezinha mais bonita do que a mãe, me trata de Tio Vovôiz, tratamento que me deixa sempre emocionado.

Meu curso secundário de pai ocorreu com o nascimento do meu primeiro sobrinho que, quis o destino, foi criado junto a nós como um irmão temporão. Com ele aprendi a carregar um bebê, ninar, trocar fraldas, perder noites e muitas outras atividades que um futuro pai certamente enfrentaria.

Quando minha esposa ficou grávida do nosso primeiro filho, comprei livros, revistas especializadas e tudo mais relacionado aos cuidados que se deve dedicar a um recém-nascido, afinal de contas começaria ali a minha prova de fogo como pai – meu curso superior.

Para complicar um pouco mais a minha tarefa, o pirralho resolveu nascer de sete meses, encurtando meu período de aprendizado teórico. Nos primeiros dias, as maiores dificuldades com que me deparei foram os soluços e as cólicas que não permitiam ao coitado – nem a nós – descansar até a próxima mamada, três horas depois da última, conforme o recomendado.

Lembrei, então, que tinha lido um artigo onde um casal de pediatras norte-americanos relatava a experiência feita com seus filhos e com centenas de seus clientes, sobre como evitar esses dois problemas nos três primeiros meses de vida de um bebê. Embora tenha folheado, página por página, cada revista da montanha que tinha comprado, não consegui encontrar o tal artigo. Não me restava outra alternativa a não ser tentar colocar em prática o método dos pediatras, baseado nas lembranças que eu ainda guardava, fazendo os ajustes necessários em cima dos resultados obtidos.

Como essa experiência foi muito bem sucedida e reaplicada, anos depois, com total eficiência quando do nascimento dos meus outros dois herdeiros, descreverei aqui o procedimento na certeza de que ele pode ser útil a quem pretenda um dia ter filhos.

Para início de conversa é importante frisar que a participação do pai é fundamental na aplicação do método, pois a mãe encontra-se um tanto quanto cansada após os meses de gestação e ao parto em si, principalmente nos primeiros dias. Antes de cada mamada é necessário fazer o asseio completo do bebê, mesmo que ele esteja chorando desesperadamente pelo leite materno. Após a mamada, o pai, ou quem estiver cuidando dele, deverá colocá-lo para arrotar da seguinte maneira: apoie a criança sobre seu peito, que deverá estar inclinado para trás o máximo possível, exercendo uma leve pressão nas costas do bebê com sua mão esquerda e com o dedo polegar sustentando o queixinho dele. Com a mão direita, pressione levemente o seu bumbum (o dele), de forma que os braços e as pernas do neném fiquem soltos e relaxados. Em poucos segundos o bebê irá soltar alguns arrotos bem vigorosos, mas não é hora ainda de colocá-lo no berço e é justamente aí que reside o grande segredo. Permaneça nessa posição por mais 10 minutos e é preciso ser persistente porque esses serão os minutos mais longos de sua vida, porém valerá à pena. Após esse tempo é comum o neném soltar uma série de pequenos arrotos e uns punzinhos, liberando bastante gazes que serão fundamentais para um sono prolongado. Coloque-o agora no berço e cuide para que a casa permaneça na mais possível tranqüilidade pelas próximas três horas. Se desejar, aproveite esse tempo para dar uma boa descansada, pois seu bebê não vai acordar tão cedo. Passadas às três horas regulamentares, não acorde o seu preguiçoso filhinho. Comece por introduzir alguns ruídos na casa, ligando o som não muito alto, conversando normalmente com seus familiares, entrando e saindo do quarto do bebê, abrindo gavetas, guarda-roupas etc., pois isso irá acostumá-lo a conviver com a zoada do dia-a-dia sem despertar. Depois de quatro horas de sono é conveniente acordá-lo delicadamente, pois, creiam, se deixar ele dorme a manhã toda e isso pode prejudicar seu sono à noite. Lembre-se que antes da mamada deve-se fazer o asseio do bebê, inclusive na hora do banho, não deixando se impressionar com seu choro de esfomeado, pois isso faz bem aos seus pulmões. À noite, deixe para dar a última mamada às 23 horas, aproximadamente. Pode acreditar que todos terão um merecido e tranqüilo descanso até às seis horas da manhã seguinte. É importante frisar que durante todo o dia não é necessário o uso de chupeta, podendo ser utilizada apenas antes das mamadas, durante o asseio do bebê, com o objetivo de acalmar (ou enganar) um pouco seu apetite, mas em hipótese alguma deverá ser adicionado mel ou açúcar no bico.

Quando meus filhos passavam dessa fase inicial de suas vidas, eu era sempre tomado por um forte desejo de ter outro bebê. Minha esposa engravidou quatro vezes, mas meu filho que se chamaria Luís Edmundo e que estaria este ano fazendo 20 anos, não veio ao mundo. Depois de minha caçula, hoje com 18 anos, minha esposa resolveu dar um basta na minha incontrolável intenção de ultrapassar a China em população. Sofri muito, mas já me acostumei e aviso sempre aos meus filhos: não pretendo aplicar este método em meus netos, portanto, cada um que balance seu Mateus.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Artigos escritos sobre Chico Buarque - 004

Revista Caros Amigos – Dezembro/1997
Ruy Fernando Barboza

Inveja do Chico Buarque?


Quando minha namorada fala do Chico Buarque, costumo me lembrar de duas pessoas: Ernest Hemingway e Eduardo Barreto. Hemingway diz que, se você quer que sua mulher tenha de você a imagem de um homem corajoso, nunca a leve para ver uma tourada. Depois que ela vê o desempenho do toureiro, passa a achar que aquilo é que é macho, o resto é conversa. E o artista gráfico Eduardo Barreto é um dos muitos homens da minha geração que, desde os primeiros anos da década de 60, vêm tentando achar um defeito de caráter, uma picaretagem, uma doença grave, seja lá o que for – enfim, alguma coisa ruim no Chico Buarque, para que sobre algum espaço para nós, na admiração de nossas mulheres. “Ninguém pode ser tão maravilhoso assim”, dizia Eduardo, “compor assim, escrever assim, ter aqueles olhos, estar casado com uma mulher como a Marieta Severo... Aí tem coisa.” De vez em quando, Eduardo nos puxava para um canto: “Parece que a coisa agora é séria. O Chico está com um tumor no cérebro.” Vã esperança. Mesmo agora, depois de anunciada a separação de Chico e Marieta, o casal, que tinha um casamento invejado, passou a ter uma separação invejadíssima...

O Caetano é outro que, embora de forma disfarçada, está tentando achar defeito no Chico. Pode ver, no trecho do livro dele, no anúncio que a Companhia das Letras vem publicando em jornais e revistas. Caetano lembra que ele e Chico ficaram nacionalmente conhecidos e começaram a enriquecer ao competir no Esta Noite se Improvisa, da velha TV Record. No programa, a produção dava uma palavra, e ganhava pontos quem lembrasse primeiro uma música cuja letra contivesse aquela palavra. Caetano era um concorrente poderoso, mas Chico era melhor. Pois Caetano diz que Chico só ganhava dele porque, muitas vezes, compunha músicas na hora – o que era proibido pela produção, pois não era um concurso de repentistas, e sim de memória musical. Pura inveja, evidentemente – e perfeitamente compreensível, mesmo num compositor genial como Caetano. O conhecido incidente no Florentino, em que Chico deu uma valente cusparada em Millôr Fernandes, começou, para quem não se lembra, com a infeliz frase de Millôr, publicada nos jornais da época: “Não confio em Chico Buarque nem para tomar conta do meu cachorro”...

A inveja do Caetano, como se vê, é disfarçada, ressentida, vem num aparente elogio à capacidade de improvisação de Chico. A de Millôr apareceu raivosa, direta. Despretensiosamente, quero dizer que acho que os entendo.

Talvez se eu falar da minha inveja fique mais claro.

Morro de inveja do Caetano. Lembro-me, por exemplo, de quando ouvi pela primeira vez o disco de Londres, com Maria Bethania e London, London. Ao lado da emoção cívica e da impotente dor política que o exílio de Gil e Caetano nos causavam, e da admiração pela explosão da nova etapa do talento do Caetano, morri de inveja dele. Já tive muita vontade de ser cantor e compositor, tenho minhas musiquinhas, adoro cantar. Meu sucesso já chegou a ultrapassar as fronteiras domésticas, e me recordo perfeitamente que duas pessoas – um vizinho e uma vizinha – me elogiaram. Mas estou longe de ser até mesmo, digamos, um Martinho da Vila. Caetano, então, nem pensar...

Tenho também uma inveja assumidíssima do Millôr. Da erudição, da criatividade, da genialidade do Millôr. Inveja que começou na minha infância, com o Pif-Paf, em O Cruzeiro – “Cada número é exemplar, cada exemplar é um número”. Eu lia, adorava, e quantas vezes, lembrando as frases do Millôr no meio das aulas, tinha de me conter, para não ter de explicar aos professores do que estava rindo – por exemplo: “Alguns ficam na cama porque estão doentes; outros, porque se sentem muito bem”. Adolescente, tinha a fantasia de escrever coisas brilhantes como as do Millôr. Tenho aqui minhas tiradas, tão bem sucedidas quanto as minhas músicas, em casa e nas vizinhanças. Mas já sei que nunca vou escrever nem sequer como o Carlos Heitor Cony – quanto mais o Millôr Fernandes...

Muitas vezes, depois de ouvirmos o Caetano, falo da minha inveja. Minha namorada diz que cada um tem suas qualidades. Por exemplo, eu sou muito mais modesto que o Caetano, segundo ela. E a modéstia é uma qualidade importante. Quando falo da minha inveja do Millôr, ela diz que eu sou mais bonito do que ele. Não digo que não seja bom ouvir isso, mas sempre tenho uma sensação de estar sendo enganado.

Mas nunca tive inveja do Chico. Quanto ao Chico, sou tomado por um sentimento muito diferente da inveja. Nunca pensei em compor como o Chico, nem em ser bonito como o Chico, nem escrever como o Chico.

Na verdade, eu queria mesmo é ser o Chico. É isso aí. Em vez de o Chico nascer, eu teria nascido, no lugar dele, e eu seria ele, até com o nome dele, tudo direitinho. E, se ele quisesse nascer também, podia nascer no meu lugar, e ele seria eu, é claro. Problema dele.

Quando falo disso para a minha namorada, ela me olha com um olhar pensativo. Acho que ela me entende, pois não diz nada, nada. Fica quietinha.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Artigos escritos sobre Chico Buarque - 003

Hermínio Bello de Carvalho
No livro Sessão Passatempo

A casa, na Rua Buri, ficava perto do estádio do Pacaembu. Lembro de um vitrô, de um espelho enorme, todo bisotado, de um aparato antigo feito de cobre ou zinco (o que seria?), de uma escada que levava ao segundo andar e de muitos livros. E, claro, no meio deles, o mestre Sérgio Buarque de Holanda. Dona Maria Amélia serviu cafezinho ou uísque? Não recordo. E nem tampouco me lembro em que circunstâncias fomos, Maurício Tapajós e eu, dar com os costados por lá.

Perdemos a conta, Mauricinho e eu, das vezes que fomos a São Paulo assistir ao “Morte e Vida Severina” do João Cabral de Melo Neto, musicada pelo Chico. 1965, 1966? Não me lembro. Perto do teatro, e era o Tuca, havia um barzinho. Ali nos encontrávamos, antes e depois do espetáculo. Maurício, menos introvertido que eu, aprochegou-se logo de Chico - os dois com a mesma faixa etária, aí pelos 21 anos. Mas, engraçado, não vejo meu parceiro na foto do time que me acolheu como seu mais desastrado e ridículo goleiro, na única partida de futebol, aliás, de que participei na vida. Chico, Toquinho, João Evangelista - por onde andava Maurício? Deve ter ficado no Rio, integrando os movimentos políticos contrários à ditadura recém-instalada.

Falo da casa do professor Sérgio e me lembro do apartamento de Chico e Marieta na Lagoa, onde, claro, devo ter sido levado por Mauricinho - a essa altura dos acontecimentos, já amigo fraterno de Chico. Parceiro morto, nem assim hão de duvidar das palavras que dele ouvi: a invulnerabilidade do caráter de Chico, sua postura de artista, sua coerência, sua absoluta fidelidade aos verdadeiros amigos. Virgínia, ex-mulher de Maurício e mãe de Márcio e Lúcio, conta que, durante cinco meses seguidos, ela doente, teve seus filhos sob a guarda carinhosa de Chico e Marieta, que diariamente os levava para casa. Quando Chico ganhou o “Golfinho de Ouro”, na surdina repassou o cheque do prêmio para seu ídolo, o compositor Ismael Silva, que vivia em estado de absoluta pobreza. Sem alarde. Como é de seu feitio. Pergunto-me se não estarei invadindo a privacidade de Chico, contando essas coisas. Apenas tento dimensionar o grande homem que coabita o imenso artista.

Olho para nossa foto, os dois paramentados em verde-e-rosa, integrantes da Comissão de Frente da Mangueira em 1987, no enredo que homenageava Drummond. O primeiro ensaio foi lá em casa, Chico apareceu meio cansado, quando fui ver estava estirado num sofá da sala, dormindo. Me emputeço. Deveria estar é no meu quarto, na mesma cama que já embalou o sono de Mãe Quelé e da Divina Elizeth, onde Pixinguinha cochilou após alguns uísques. Tímido, ele jamais invadiria, sem pedir licença, o aposento de alguém.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Artigos Escritos por Chico Buarque - 005

Chico Buarque
Poemas, testemunhos, cartas – 2000


A casa do Oscar

A casa do Oscar era o sonho da família. Havia o terreno para os lados da Iguatemi, havia o anteprojeto, presente do próprio, havia a promessa de que um belo dia iríamos morar na casa do Oscar. Cresci cheio de impaciência porque meu pai, embora fosse dono do Museu do Ipiranga, nunca juntava dinheiro para construir a casa do Oscar. Mais tarde, num aperto, em vez de vender o museu com os cacarecos dentro, papai vendeu o terreno da Iguatemi. Desse modo a casa do Oscar, antes de existir, foi demolida. Ou ficou intacta, suspensa no ar, como a casa no beco de Manuel Bandeira.

Senti-me traído, tornei-me um rebelde, insultei meu pai, ergui o braço contra minha mãe e sai batendo a porta da nossa casa velha e normanda: só volto para casa quando for a casa do Oscar! Pois bem, internaram-me num ginásio em Cataguases, projeto do Oscar. Vivi seis meses naquele casarão do Oscar, achei pouco, decidi-me a ser Oscar eu mesmo. Regressei a São Paulo, estudei geometria descritiva, passei no vestibular e fui o pior aluno da classe. Mas ao professor de topografia, que me reprovou no exame oral, respondi calado: lá em casa tenho um canudo com a casa do Oscar.

Depois larguei a arquitetura e virei aprendiz de Tom Jobim. Quando a minha música sai boa, penso que parece música do Tom Jobim. Música do Tom, na minha cabeça, é a casa do Oscar.

domingo, 16 de dezembro de 2007

Ataque histérico coletivo

Há alguns meses se iniciou uma campanha para a escolha das sete novas maravilhas do mundo. Não entendi direito sobre o que se tratava, qual instituição estava organizando a disputa e quais eram os outros concorrentes. Esqueci o assunto. De repente – “e não mais que de repente”, como diria o poeta – houve uma semi-comoção nacional para a escolha do Cristo Redentor. Um daqueles ataques de ufanismo burro e sem propósito tão comum por estas terras. Colocaram a bonita estátua acima do Corcovado, inclusive, a frente de verdadeiras obras para a humanidade, como o Taj Mahal e Macchu Picchu. E, logo depois, começaram os jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro. E este é o tema desta postagem.
Mal assisti às disputas pela tevê. Mas, o pouco que vi, foi irritante. Aquele povo que pouco conhece esportes, mulheres de classe média que não sabem o que acontece além dos seus quintais, homens jovens a beira de um ataque histérico. Todos nas arquibancadas “mostrando sua brasilidade” e torcendo como loucos (“loucos” é eufemismo) para esportes tão populares como o badminton, a esgrima e o pólo aquático.
“Brasil, Brasil, Brasil”, brada a torcida. Chora, se emociona, idolatra atletas os quais nunca ouviu falar na vida e que só vai saber que ainda existem se estiverem nas Olimpíadas de Pequim.
O fato é: brasileiro não sabe ser torcedor – como os argentinos sabem, por exemplo. Vivem apenas de emoções artificiais e pontuais, quando vêem uma camisa amarela na quadra ou no campo. Não se importam com a falta de estrutura esportiva do País, com o indício de roubalheira de boa parte das confederações esportivas, com mais nada que esteja alheia àquela disputa. Eles amam os atletas brasileiros, apenas isto.
A mesma coisa aconteceu quando a seleção mais chata da história conquistou a Copa América, na Venezuela. Um técnico inexperiente e prepotente ao mesmo tempo, quatro volantes no lugar que deveria haver ao menos dois craques e um tal de Robinho que joga menos do que o Galvão Bueno pensa. Ganhou? Ganhou. Mas e daí? Uma vitória com esses ingredientes indigestos não traz alegria alguma. Mas é a chance de muitos voltarem a gritar, como aconteceu comumente nesse último Pan-Americano: “Ahhhhh, sou brasileirooooooooooooooo”. Apesar do “muito orgulho" e do "muito amor” serem completamente efêmeros. E que venha a Copa do Mundo.

Esporte Clube Bahia - campeão de renda 2007

Folha de S.Paulo – 26/Novembro/2007
PAULO COBOS
Bahia é dono da melhor média de público do Brasil em 2007


A tragédia na Fonte Nova ofuscou aquela que era para ser a festa da torcida campeã da temporada 2007 no Brasil. Na mambembe Série C, o Bahia fechou no domingo sua participação como mandante, no empate contra o Vila Nova por 0 a 0, que fez o time subir para a segunda divisão, com a estupenda média de 40,4 mil torcedores por partida, segundo dados oficiais da CBF.

O Flamengo também encerrou ontem sua campanha como anfitrião no triunfo sobre o Atlético-PR por 2 a 0, que o colocou na Libertadores-08. Foram 82 mil pagantes no Maracanã (recorde de público nos Nacionais em 2007), mas que não foram suficientes para fazer o clube ultrapassar o Bahia - os cariocas tiveram média de 39,2 mil torcedores por jogo.

É fato que o valor médio do ingresso para os jogos do Flamengo era maior que os do Bahia (R$ 12,5 contra R$ 8,8). Mas são vários os pontos que transformam o "título" dos nordestinos numa façanha impressionante, e isso não fica só no fato de levar quase 60 mil torcedores para jogos contra rivais quase anônimos, como o Crac, da goiana Catalão.

A diferença no preço dos ingressos tem como contraponto a situação econômica de cariocas e soteropolitanos. Segundo o IBGE, o rendimento médio mensal em Salvador ficou em outubro em R$ 554, contra R$ 686 do Rio. A taxa de desemprego da capital baiana (13%) é o dobro da registrada na capital carioca segundo o instituto.

Sozinho, o Bahia respondeu, sem contar a última rodada, por 37% de todo o público e 39% da receita bruta da Série C. O Flamengo, em ambos os casos, terá participação de 11%.

Os clubes tiveram ajudas de promoções, mas elas foram mais pesadas no caso flamenguista. Para o jogo de ontem, por exemplo, quase 33 mil ingressos foram trocados por latas de produtos da Nestlé, em processo que gerou tumultos e feridos na última semana. Em partidas com a Fonte Nova cheia (60 mil fãs), pouco mais de 6 mil ingressos vêem de notas fiscais, promoção da Secretaria da Fazenda da Bahia.