sábado, 15 de março de 2008

Anotações sobre o escritor e o leitor

Revista Cult nº 69 - Maio/2003
Eric Nepomuceno


O escritor Eric Nepomuceno, amigo e interlocutor de Chico Buarque, fala sobre o processo criativo do autor de Estorvo

1. No estúdio plantado nos fundos do pátio interno do casarão do bairro de Pedregal de San Ángel, na Cidade do México, Gabriel García Márquez trabalha de maneira obsessiva quando está escrevendo. Há mais discos do que livros à vista. Isso sempre me pareceu curioso. Pois bem: no estúdio que fica no canto à esquerda da ampla e clara cobertura de Chico, no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro, há mais livros à vista do que discos. García Márquez é um escritor que tem a música como um dos eixos de sua vida. Chico Buarque é um compositor que tem a palavra escrita como um dos eixos de sua vida. Tanto assim que é um compositor que escreve romances, ou um romancista que compõe canções. Seja como for, curiosidades como essas - os discos do escritor, os livros do compositor - sempre me interessaram em meus amigos. Perguntei a García Márquez a razão de ter mais discos que livros no estúdio em que escreve. “É que a maioria dos livros fica na casa de campo, em Cuernavaca, ou então no meu quarto”, disse ele, que não deu nenhuma importância para minha curiosidade. “É que os discos estão guardados nessas prateleiras com porta, e os livros estão à vista”, disse Chico, que também não deu importância nenhuma. Pensando bem, não há mesmo nada de estranho: existe explicação para tudo, ou quase, nesse mundo.

2. São muitos os escritores que têm a música como eixo vital. García Márquez cantou a sério, na juventude. Mas, ao menos que eu saiba, jamais compôs canção alguma. Julio Cortázar disse e redisse que se pudesse escolher teria preferido ser músico de jazz do que escritor. Chico não precisou enfrentar a tensão da escolha: sempre viveu cercado de músicas e leituras, e agora compõe e escreve.

3. O Chico escritor é um obcecado. Os amigos se espantam com sua capacidade de disciplina radical, prussiana. E principalmente com seu nível de exigência. Perderam a conta do tempo em que Chico está mergulhado na escrita de seu novo livro. Desde o segundo semestre de 2001, pelo menos, ele está recolhido. Todo santo dia, ao final da tarde ele se desliga do mundo. E a partir das oito da noite, e até as duas da manhã, escreve de maneira obsessiva. Muitas vezes esquece o tempo, e vara a madrugada. Revisa, refaz, burila, rasga, num trabalho incessante. Escreve, revisa, rasga. Reescreve, revisa, rasga, mas avança um tanto. Uma espécie de Penélope que desfaz hoje o feito ontem, não à espera do improvável Ulisses, mas da palavra exata, da frase que contenha o que ele persegue.

Não fala sobre o que está escrevendo. Às vezes, lança perguntas ao acaso, faz consultas sobre palavras. Lembro de quando estava terminando Estorvo: “Como é que você chama o sujeito que serve café no balcão de um bar?”. “Garçom”. “Não, garçom não. Garçom serve mesa”. E depois, soltou: “Servente”. Retruquei que servente até que é correto, afinal o homem serve café. Mas que a palavra estava condenada, pelo uso, ao peão de obra. No livro, está lá: “Servente”.

Quando a escrita de Benjamim estava no fim, Chico encontrou um amigo num posto de gasolina. Levava no rosto uma barba de dias, um ar sorumbático, sombrio. Explicou ao amigo que seu personagem tinha acabado de morrer. E contou que sentia-se pavorosamente mal. Quer dizer: nos livros, como nas canções, Chico mergulha fundo, impregna-se na escrita, empapa-se de seu personagem, sua atmosfera. Seu destino.

4. Quando escreve, e não importa o quanto dure essa escrita, mantém poucos hábitos: caminha três vezes por semana, por volta da uma da tarde, em geral na companhia do cineasta Miguel Faria. Joga futebol outras três vezes por semana. E uma vez por semana, janta com amigos. São suas folgas. O resto do tempo, quase que sem intervalos, é dedicado a perseguir palavras. Qualquer interrupção é um risco. Um peso, uma aflição.

5. O apartamento é amplo e luminoso, e o terraço se abre generoso para o mar imbatível que se estende do final do Leblon até as pedras do Arpoador. Tão alto e isolado que ele chama o terraço de tombadilho: o apartamento parece flutuar sobre o mar. Há mais de um ano ele já não usa mais o estúdio para escrever. Desce um andar, para outro apartamento, de dois quartos, onde só existe uma mesa, o computador, duas cadeiras. Sem telefone, sem televisão, sem mais nada. O apartamento de cima é o tombadilho. O de baixo, o franciscano. Como quem se obriga a sair de casa e ir trabalhar, ele desce um andar e se tranca. Perguntei por que não abria a laje e punha uma escada. Achou a idéia estapafúrdia: afinal, a idéia é se isolar. Não existe no apartamento franciscano nada que possa distraí-lo, nenhuma tentação capaz de tirá-lo da palavra escrita ou da palavra perseguida.

Quando senta-se para escrever um livro, Chico sabe que não há prazo à vista: pode levar um ou dois anos, dia a dia. Na reta final o trabalho pesa, mas ele não tem pressa. Agüenta.

6. Durante anos, Chico foi um leitor tão voraz quanto voluntarioso. Lia de tudo, sem muita ordem. Às vezes, as leituras vinham em rajadas: os autores franceses, os russos, os italianos, os norte-americanos. O resultado é uma base ampla e consistente do que de melhor se escreveu. Com o tempo, e depois de tanta leitura, foi ficando menos voraz, mas continuou sendo um leitor constante e incansável. Passa por períodos curiosos: recomenda um livro de determinado autor, mas admite que seria incapaz de descrevê-lo. Sabe apenas que sentiu o impacto, e ponto. Quando escreve, quase não lê. Aliás, como a imensa maioria dos escritores que conheço.

7. Num tempo em que o mundo parecia ser mais fácil, tudo dividia-se em bandos. Por exemplo: fumantes de Hollywood e de Luiz XV, bebedores de Brahma ou de Antarctica; pilotos de Volkswagen ou de DKW. Como se a vida fosse uma espécie de Fla-Flu. Havia uma divisão clara entre os admiradores de Hemingway e os de Fitzgerald. Em geral, admirava-se - e muito - os dois. Mas havia a predileção.

Dia desses, liguei para Chico, só para confirmar: ele era Fitzgerald? Riu muito da minha memória para coisas velhas. E confirmou: gostou do que leu de Hemingway, mas nada era comparável a Fitzgerald. Lembrou da emoção de ler O grande Gatsby. Eu também. Mas continuo na turma de Hemingway. Dia desses leio de novo, só para reforçar argumentos.

8. Quando se mudou para o tombadilho, Chico passou dias arrumando os livros na estante. Levou muito mais tempo do que seria razoável, porque volta e meia parava, abria um livro ao acaso, ficava relendo. Chico, no meio da tarde de uma quarta-feira qualquer, por telefone: “Você quer ficar do lado do Sérgio Sant´Anna?”. “Quando?”. “Agora mesmo: é que estou arrumando a estante e pensei em pôr você do lado dele”. “Acho ótimo. Mas quem vai ficar do outro lado?”.

Como não chegamos a um acordo - as companhias que eu pedia já estavam acomodadas, e nenhum dos disponíveis me seduzia - Chico foi gentil: posto num canto da estante, fiquei com Sérgio, um vizinho solitário que, além de escrever contos absolutos, é meu amigo. Coisas de escritor.

Eric Nepomuceno Escritor, autor dos livros de contos A palavra nunca, Coisas do mundo, Quarta-feira e O livro da Guerra Grande, entre outros

quinta-feira, 13 de março de 2008

Paulo Coelho: Lênin desce aos infernos

O post mais lido das duas últimas semanas no blog de Paulo Coelho no G1 (97 comentários em oito dias) é uma piada: Lênin desce aos infernos. Nela, o mais lido dos escritores do Brasil e do mundo (100 milhões de exemplares em 150 países e 66 idiomas, um fenômeno que mereceria estudo) dá um descanso ao esoterismo, para conduzir o leitor com sua prosa leve até o desfecho surpreendente. Veja só.

Depois de fazer a Revolução Russa, acabar com as diferenças de classes sociais e dedicar sua vida inteira ao comunismo, Lênin finalmente morre. Por ser ateu e ter perseguido os religiosos, termina sendo condenado ao inferno.

Ao chegar lá, descobre que a situação é pior que na Terra: os condenados são submetidos a sofrimentos incríveis, não há alimento para todos, os demônios são desorganizados, Satanás comporta-se como um rei absoluto - sem qualquer respeito por seus empregados ou pelas almas penadas que agüentam o suplício eterno.

Lênin, indignado, rebela-se contra a situação: organiza passeatas, faz protestos, cria sindicatos com diabos descontentes, incentiva rebeliões. Em pouco tempo, o inferno está de cabeça para baixo: ninguém respeita mais a autoridade de Satanás, os demônios pedem aumento de salário, as sessões de suplício ficam vazias, os encarregados de manter acesas as fornalhas fazem greve.

Satanás já não sabe o quer fazer: como seu reino pode continuar funcionando, se aquele rebelde está subvertendo todas as leis? Tenta um encontro com ele, mas Lênin, alegando não conversar com opressores, manda um recado através de um comitê popular, dizendo que não reconhece a autoridade do Chefe Supremo.

Desesperado, Satanás vai até o céu conversar com São Pedro.

– Vocês lembram aquele sujeito que fez a revolução russa? – diz Satanás.

– Lembramos muito bem – responde São Pedro. – Comunista. Odiava a religião.

– Ele é um bom homem – insiste Satanás. – Mesmo que tenha seus pecados, não merece o inferno; afinal, procurou lutar por um mundo mais justo! Na minha opinião, ele devia estar no céu.

São Pedro reflete algum tempo.

– Acho que você tem razão – diz finalmente. – Todos nós temos nossos pecados e eu mesmo cheguei a negar Cristo por três vezes. Mande ele para cá.

Louco de contentamento, Satanás volta para sua casa e envia Lênin direto para o céu. Em seguida, com mão de ferro e alguma violência, termina com os sindicatos de demônios, dissolve o comitê de almas descontentes, proíbe assembléias e manifestações de condenados.

O inferno volta a ser o famoso lugar dos tormentos que sempre assustou o homem. Louco de alegria, Satanás fica imaginando o que deve estar acontecendo no céu.

“Qualquer hora São Pedro vai estar batendo aqui, pedindo que Lênin retorne!”, ri consigo mesmo. “Aquele comunista deve ter transformado o paraíso em um lugar insuportável!”

O primeiro mês passa, um ano inteiro passa, e nenhuma notícia do céu. Morto de curiosidade, Satanás resolve ir até lá para ver o que está acontecendo.
Encontra São Pedro na porta do Paraíso.

– E aí, como vão as coisas? – pergunta.

– Muito bem – responde São Pedro.

– Mas está tudo mesmo em ordem?

– Claro! Por que não haveria de estar?

“Este cara deve estar fingindo”, pensa Satanás. “Vai querer me empurrar Lênin de volta”

– Escuta, São Pedro, aquele comunista que eu mandei, tem se comportado bem?

– Muito bem!

– Nenhuma anarquia?

– Pelo contrário. Os anjos são mais livres que nunca, as almas fazem o que bem desejam, os santos podem entrar e sair sem hora marcada.

– E Deus, não reclama deste excesso de liberdade?

São Pedro olha, com uma certa piedade, o pobre diabo a sua frente.


– Deus? Camarada, Deus não existe!



Fonte: http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=33255



Josephine Baker


O Pasquim – 1969

É difícil voltar a O PASQUIM depois de tanta ausência, principalmente porque prometi, e vou ficar devendo, uma entrevista com Josephine Baker. Para quem não se lembra ou não era nascido, Josephine foi a bacana lá da Martinica, a tal que se vestia de banana nanica. Profetizou a minissaia, valorizou a pele mulata, espalhou o charleston, despertou paixões e escandalizou os puros. Pouco a pouco foi trocando o escândalo pela caridade pública, as bananas pelo vestido longo. Hoje, com 63 anos, volta ao palco porque não tem outros meios e precisa sustentar 14 filhos adotivos. Acompanhei-a, junto ao “bravíssimo chitarrista brasiliano Toquiño”, em seus 45 dias de tournée pela Itália. 45 vezes esperei a oportunidade de lhe falar d'O PASQUIM, do Sérgio Cabral que reclama e da leitora que me chama de relapso. Mas Josephine só dá entrevistas coletivas, sempre muito simpáticas, sempre muito profissionais, sempre mãe adotiva de 14 crianças de todas as raças. Evidentemente não a impressionei, nem como repórter amador, muito menos como menino desamparado. Num desses coquetéis à imprensa cheguei até a posar ao lado dela para as fotografias. Dia seguinte comprei todos os jornais, mas só deu retrato de Josephine Baker às vezes com um pedaço de bochecha minha. Sem fotos e sem entrevista, resta-me a lembrança de 45 espetáculos assistidos vagamente dos bastidores.

Josephine entra em cena pedindo desculpas, pois na sua idade não há pernas que agüentem um charleston. Aí ela dança um charleston. Hélas, mes amis, já não tenho pernas para a minissaia. Aí ela senta lá dum jeito que o público aplaude com entusiasmo os 63 anos sem varizes ou celulite. Segue uma bossa-nova francesa que não é boa não. Boa é a sua interpretação de “La vie en rose”. Fala de Edith Piaf com muito carinho, muda para um potpourri de boogie-woogies, desce à platéia e vai conversar com a primeira fila. Geralmente perco essa parte do show porque tem alguém que me procura no camarim. Chego lá, não paga dez, é brasileiro.

“Eu estava aqui passando e vi seu nome...”

Brasileiro está sempre passando em qualquer fim-de-mundo. Feitas as confraternizações pergunto como vão às coisas no Brasil e o brasileiro diz que vão mal, apesar da classificação nas eliminatórias para o México. No resto, diz ele que as coisas vão muito mal porque a televisão é aquela mesma coisa, os programas não mudam, só tem um agora que as pessoas ficam provocando até que Rio e São Paulo começam a brigar. “Fora isso, Juca, muitas saudades de você, daquela sua música, A praça, minha filha sempre pergunta onde é que anda o Juca, e tem meu filho que todo mundo acha que é a sua cara.” Antes de se despedir, o brasileiro ainda me chama de Juca umas cinco vezes e diz que é meu muito admirador. Voltando ao show, encontro tudo mudado, a luz roxa, a música solene e Josephine que dedica uma mensagem de paz à humanidade. Canta “Quand je pense a ça”, e o ça que ela pensa são os pobres órfãos, as guerras, os preconceitos raciais, etc.

Quando pensa nisso, dá-lhe uma espécie de tonteira e ela cai no chão com as mãos no rosto, a cortina sobe e desce, o público aplaude e só então ela esquece os pobres órfãos, as guerras e os preconceitos raciais. Levanta-se e manda todo mundo sorrir ao amor, sorrir à vida, sorrir ao próximo, sourrir toujours sourrir, encerrando o espetáculo com aquilo que o Ciro Monteiro costuma chamar de hipotenusa final.

quarta-feira, 12 de março de 2008

HUMOR

Depois de tomar seu lugar no avião, um rapaz espantou-se ao ver um papagaio a seu lado, preso pelo cinto de segurança. Resolvendo não fazer caso da ave, pediu um café à comissária de bordo.
- E traga um uísque, já! – disse o papagaio, com grosseria.
Minutos depois a comissária voltou com o uísque, mas nada de café.
- Ô, sua preguiçosa – disse o papagaio, depois de esvaziar o copo, - outro uísque!
Novamente a comissária se apressou em levar a bebida ao papagaio, mas se esqueceu do café.
Aborrecido, o homem resolveu tentar o método do papagaio.
- Ô, você aí! – gritou para a comissária. - Um café já, ou nunca mais vai trabalhar para esta companhia!
Um momento depois, um co-piloto troncudo aproximou-se, agarrou o homem e o papagaio e atirou-os pela porta do avião. Enquanto mergulhavam no espaço, o papagaio virou-se para o homem e disse:
- Você teve fibra mesmo, rapaz. Especialmente para quem não sabe voar.

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- Acho que minha mulher está ficando surda – disse José ao médico.
- Teste sua audição em casa e depois me volte aqui – disse o médico.
Naquela noite, enquanto a mulher preparava o jantar, José postou-se a cinco metros dela e perguntou:
- O que vamos jantar hoje?
Não houve resposta. Parou a três metros dela e perguntou outra vez.
Nenhuma resposta. Então se postou a 1 metro dela e tentou outra vez. Ainda assim não houve resposta.
Por fim, ele se postou exatamente atrás dela e repetiu a pergunta.
Ela se virou para encará-lo.
- Pela quarta vez, eu já disse que vamos jantar frango!

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- A senhora quer fazer o favor de pedir ao seu filho que pare de me imitar?
A mulher ao filho:
- Luís, eu já disse a você: pare de bancar o bobo!

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O avô está tomando iogurte muito devagar.
- Cuidado, vovô! – diz o neto. - A validade acaba em três dias.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Expressões Populares - significado e histórico

SEM EIRA NEM BEIRA

Significado: Pessoas sem bens, sem posses.

Histórico: As casas do Brasil Colonial possuíam telhado formado por três linhas de telhas sobrepostas. Quando chovia, estes planos lançavam as águas para a rua e para o fundo do terreno. Abaixo do telhado, havia detalhes, chamados de eira, beira e entre beira, que serviam não só como adorno, mas também para distinguir as diferentes classes sociais dos proprietários. Quanto mais detalhes, mais rico o dono da casa. Assim, uma casa que não tivesse eira nem beira mostrava a condição humilde de seu dono!

PROMESSA PARA INGLÊS VER

Significado: Algo que visa apenas às aparências.

Histórico: Em 1824, durante o período de reconhecimento da nossa independência, os ingleses deram ao Brasil um prazo de sete anos para abolir o tráfico negreiro. Em 1831, quando ia expirar o prazo dado pelos ingleses, o Padre Feijó, então Ministro da Justiça, elaborou uma lei tão confusa sobre o julgamento e as penas impostas aos traficantes de escravos que a sua aplicação era inviável.

VAI TOMAR BANHO

Significado: Quando alguém aborrece a nossa paciência, falamos esta frase!

Histórico: Em “Casa Grande & Senzala”, Gilberto Freyre analisa os hábitos de higiene dos índios versus os do colonizador português. Depois das Cruzadas, como corolário dos contatos comerciais, o europeu se contagiou de sífilis e de outras doenças transmissíveis e desenvolveu medo ao banho e horror à nudez, o que muito agradou à Igreja. Ora, o índio não conhecia a sífilis e se lavava da cabeça aos pés nos banhos de rio, além de usar folhas de árvore para limpar os bebês e lavar no rio as redes nas quais dormiam. Ora, o cheiro exalado pelo corpo dos portugueses, abafado em roupas que não eram trocadas com freqüência e raramente lavadas, aliado à falta de banho, causava repugnância aos índios. Então os índios, quando estavam fartos de receber ordens dos portugueses, mandavam que fossem “tomar banho”.

ELES QUE SÃO BRANCOS, QUE SE ENTENDAM

Significado: Alguém não quer tomar partido em determinada questão.

Histórico: Esta foi das primeiras punições impostas aos racistas, ainda no século XVIII. Um mulato, capitão de regimento, teve uma discussão com um de seus comandados e queixou-se a seu superior, um oficial português. O capitão reivindicava a punição do soldado que o desrespeitara. Como resposta, ouviu do português a seguinte frase: “Vocês que são pardos, que se entendam”. O oficial ficou indignado e recorreu à instância superior, na pessoa de dom Luís de Vasconcelos (1742-1807), 12º vice-rei do Brasil. Ao tomar conhecimento dos fatos, dom Luís mandou prender o oficial português que estranhou a atitude do vice-rei. Mas, dom Luís se explicou: Nós somos brancos, cá nos entendemos.
Fonte: http://www.suigeneris.pro.br, temporariamente fora do ar.

domingo, 9 de março de 2008

TIRA-TEIMA

Por que o Fluminense é chamado de “pó-de-arroz”?

Havia um jogador mulato chamado Carlos Alberto que defendeu o time em 1916. Como naquele tempo só os brancos eram bem recebidos pela torcida, ele passava quilos de pó-de-arroz no rosto antes de entrar em campo, para disfarçar sua origem. Mesmo assim, a galera não perdoava, atormentando o coitado com os gritos de “pó-de-arroz, pó-de-arroz” sempre que ele jogava. Hoje a brincadeira virou um símbolo da torcida.

Quem inventou a faixa diagonal da camisa do Vasco?

Foi o uruguaio Ondino Vieira, ex-técnico do time nos anos 40. Até então, o Vasco usava uma camisa toda preta, em cima da qual Ondino resolveu colocar uma faixa branca, imitando a do River Plate (um dos clubes que ele havia treinado). Vieira também dirigiu o Fluminense, clube pelo qual ganhou os títulos cariocas de 1938, 1939 e 1941. Conquistou o campeonato argentino (1936 e 1937) pelo River e o carioca (1945) pelo Vasco. Ondino Vieira morreu no dia 28 de junho de 1997, em Montevidéu, Uruguai.

É verdade que um jogador do Bahia se matou depois de ser expulso de um clássico contra o Vitória?

Esse jogo foi o Ba-Vi de 2 de julho de 1934. No fim do primeiro tempo, o atacante Bitonha, do Bahia, partiu para cima do árbitro Vivaldo Tavares, que, minutos antes, mandara repetir a cobrança de um pênalti contra o seu time. O juiz apanhou tanto que não voltou para apitar o segundo tempo. Bitonha foi preso. No dia seguinte, já liberado, abriu o jornal e viu sua foto. Bitonha se sentiu tão envergonhado que se suicidou, bebendo cianureto.

Quando a Seleção Brasileira passou a jogar de camisa amarela? Quem a inventou?

Depois da derrota para o Uruguai na Final da Copa de 1950, passou-se a acreditar que a camisa branca com gola e punhos azuis, usada pela Seleção Brasileira desde 1919, dava azar. Um concurso, ganho pelo professor gaúcho Aldyr Garcia Schlee, definiu o uniforme que conhecemos hoje. Ele estreou nos Jogos Olímpicos de 1952.

A Copa Fifa, que é disputada atualmente, também vai ficar com quem ganhá-la três vezes, como aconteceu com a Jules Rimet?

Não. Ao contrário do que aconteceu com a Jules Rimet – conquistada definitivamente pelo Brasil depois de vencer três Copas, em 1958, 1962 e 1970, e depois roubada da sede da CBF – a posse da Copa Mundial da Fifa é transitória. Cada campeão ganha apenas o direito de ficar com ela por quatro anos. Antes do início de cada Copa, ela deve ser devolvida pelo campeão, que ganha, em troca, apenas uma réplica banhada em ouro. A taça original está em disputa desde a Copa da Alemanha, em 1974. É de ouro maciço de 18 quilates e pesa 5 kg. Em sua base existe espaço para o registro de 17 campeões mundiais, suficiente para ser preenchido até a Copa de 2038.

Fonte: Revista Placar