sábado, 8 de dezembro de 2007

Bom, amanhã faz 4 anos que minha vó morreu, então eu resolvi fazer esse texto. Não chega nem aos pés dos outros, mas.

4 anos de saudade.

Meu pai sempre fala:
- Quando você nasceu, os olhos dela brilharam!
E eu tenho certeza que isso é verdade.Ela sempre me dizia que eu era a coisa mais importante na vida dela, e ela era a minha melhor amiga, aquela que sabia tudo sobre mim, sabia os programas de televisão que eu mais gostava, sabia dos chocolates que eu mais gostava, e pra mim quem sabia tudo isso era a mina melhor amiga.Depois, eu vi os olhos dela brilharem novamente, meu irmão tinha nascido.Aah, aquilo foi tão lindo.Agora, eu e meu irmão eramos as coisas mais importantes da vida dela.Ela era minha segunda mãe, minha companheira, minha cumplice.E aos 54 anos de vida, ela descobriu que tinha uma doença dessas malignas, mas ela não podia morrer, ela tinha que cuidar de mim e do meu irmão.Então ela acordava cedo, todos os dias e ia pro hospital fazer o tratamento. Ela achava que iria conseguir sobreviver.Mas começou os problemas de familia, ela não aguentava mais.Até que um dia ela me chamou num canto e me disse:
- Olha, você sabe que é uma das coisas mais importantes da minha vida. Você sabe que eu estou doente. Eu acho que já está quase na minha hora de ir, mas cuida bem do seu irmão, porque pode ter certeza que eu onde quer que eu esteja, eu vou cuidar de vocês!
E eu já tinha entendido o que ela quis dizer com isso. Eu chorei no colo dela e disse:
- Mas Vó, um dia a gente vai se encontrar de novo não é?!
E ela se segurando pra não chorar me respondeu:
- Claro meu amor, a gente se encontra novamente, em outro lugar, num outro dia.
E ela saiu pela porta com meu pai quase carregando ela nos braços, e nunca mais voltou pra casa. Uma semana depois só veio a confirmação, ela tinha falecido.
Há quatro anos ela se foi, mas é como se ela estivesse sempre comigo.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

ARTIGOS ESCRITOS POR CHICO BUARQUE - 002

Brigas... e depois?

Chico Buarque de Hollanda

Santa Cruz, número 3 - Maio/1963


Eram meras questões de minutos. E o encontro dos namorados mais parecia um duelo de ciúmes.

- Você chega sempre atrasado.

- É, sei. E ontem, quem é que ficou aqui esperando, que nem um pateta?

- Ah, eu só atrasei dois minutos. Hoje você atrasou dez.

- Você é que chegou adiantada. Mas deixa que qualquer desses dias eu descubro o que você tanto faz, que nunca chega na hora certa.

E as discussões se sucediam, sem pé nem cabeça. Mas ciúmes são cegos como o próprio amor. São sentimentos mesquinhos, minuciosos, não esquecem a insignificância dos mínimos segundos. As batidas do coração jamais deveriam se escravizar aos tique-taques desencontrados de dois relógios diferentes.

A verdade, porém, é que eram ambos loucos, um pelo outro, e seus corações acabavam por se entender, num ritmo comum de compreensão. E as hostilidades descansavam invariavelmente em beijinhos e mil perdões.

- Desculpe, viu amor?

- Que nada, meu bem, a culpa foi toda minha.

- Não, eu é que fiquei nervosa.

- Deixa disso, eu banquei o bruto.

Por pouco não voltavam a discutir.

Assim correram muitos meses e muitas, muitas brigas, e os dois não chegavam a um acordo. Mas a vida tem dessas coisas. Quando se dá conta, a felicidade já é irremediavelmente retrato na parede, cartinha na gaveta, passando.

Alguns anos mais tarde, ela se casava com um rapaz bonito, tipo galã da Metro. Viveram em harmonia, sem brigas, sem discussões, talvez por falta de imaginação do atlético marido.

Por outro lado, o antigo namorado da adolescência não tardou a se apaixonar pelo lindo dote de uma mocinha que era um tesouro, filha de próspero industrial. Embora se tratasse de uma menina meio café-com-leite, sua herança lhe dava um quê de exótico. Alimentava por ela uma intensa, excêntrica paixão, enquanto que o bonachão rodava com seu Rolls-Royce, jogava em Monte Carlo e repousava em seu iate transatlântico. E numa atitude de misericórdia, suportava, geralmente, como um senhor onipotente, os carinhos milionários da esposa.
Muito tempo depois, porém, por um desses acasos que só o destino sabe explicar, os dois antigos namorados se encontravam nas areias de Copacabana, que é a praia aonde todos vão. Já não eram os mesmos. Ele parecia carregar os milhões matrimoniais na respeitável barriga. Ela continuava encantadora, mas apenas na medida em que possa encantar uma mulher de cinqüenta anos. Conversaram pouco, o silêncio disse mais. E voltaram a se encontrar, com mais freqüência e menos acaso. Já eram, no entanto, velhos demais para as inflamadas e inúteis discussões dos dezessete anos. Caminhavam calmamente pela areia molhada, mão na mão, por mais ridículo que possa parecer para a sua idade. Caminhavam sem rumo, sem tempo, sem horizonte. E quando se voltavam, sentiam a nostalgia da vida perdida em poucos minutos.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

ARTIGOS ESCRITOS POR CHICO BUARQUE - 001

Aquarela

Chico Buarque de Hollanda

Semana Cultural do Colégio Santa Cruz – Outubro/1962



Entrando em casa, altas horas da noite, deu com o pai, sentado no sofá.

- Acordado ainda?

O velho lhe parecia estranho, diferente do engenheiro que ele costumava conhecer como pai. Via-se que ensaiara com razoável esforço uma cara fechada, trazia no olhar uma preocupação fingida, e nas olheiras uma ânsia verdadeira de cair na cama. Pobre velho, não sabia mesmo tratar com gente. Para ele, tudo se resumia em dois trissílabos: trabalho e dinheiro. O resto não passava de uma enorme comédia. Mas a velha o obrigara a dar uns conselhinhos ao filho, gênero “homem para homem”.

- Estava te esperando. Senta aí, meu filho, nós precisamos ter uma conversa séria. Bastante satisfeito com o efeito sonoro de sua introdução, o engenheiro se serviu de uma pequena dose de whisky, arquitetando no concreto armado de sua imaginação uma seqüência adequada para o seu sermão.

- Você precisa por uma ordem na sua vida.

- Que é isso velho, já de fogo?

O pai ainda estava na primeira dose, e bastante disposto a levar adiante aquela história, começando pelo assunto escolar. O rapaz dava de ombros. Aquela farsa já se tornava cansativa. Conselho de velho, dizia-se ele, são como japoneses, todos iguais. Agora ele vai dizer que foi, como todos os pais do mundo, o primeiro da classe.

- Escuta aqui, meu filho. Se fui sempre um dos primeiro da escola e pude me formar engenheiro, é porque não desperdiçava meu tempo na rua. Quem são essas mocinhas que tanto telefonam para você?

A conversa foi se estendendo para o lado feminino, como invariavelmente acontece de homem para homem. O pai emprestava dos goles de whisky a eloqüência necessária para enunciar as perguntas que o filho respondia em tom displicente.

Entretanto, já pela terceira dose, os olhos do velho já brilhavam, as perguntas se tornavam insistentes e indiscretas, e a cada resposta correspondia um sorriso mal disfarçado, nos olhos brilhantes e na boca entreaberta. Por outro lado, o filho já começava a apreciar essa nova face do velho, risonho, compreensível e até rejuvenescido.

- E essa tal de Márcia, que tipo é?

- A Márcia? Não sei bem, e um tipinho meigo, delicado...

- Ah, então deve ser como uma antiga namorada minha, a Ivone. Por onde será que ela anda? Ah, adoro tipinhos meigos!

A cada gole do seu scotch, o homem adorava um tipo diferente. As meigas, as frágeis, as simples, as inocentes, as sofisticadas, as alegres, as românticas, todas ocupavam um lugarzinho em seu coração doente de 65 anos. Preferia as louras e as morenas, sem falar nas ruivas e em outras cores que ocasionalmente aparecerem por aí. O rapaz se divertia com as lembranças do pai.

Porém, de mulher em mulher, muitos drinques se foram, e o álcool subia a cabeça do pai. Acompanhando essa ascensão do Mapa Mundi, não tardou a vez das nórdicas.

- Tive também uma amiguinha sueca, Ingrid, loura, alta, ah, aquela sim. Se sua mãe soubesse...

E o velho se largava em gordas gargalhadas, parecendo prestes a estourar a qualquer momento. Esfregava as mãos, arregalava os olhos, deliciava-se com a juventude distante. Chegara ao ponto em que a bebida torna qualquer um desagradável. Ia falando sozinho, apenas cutucava o filho cada vez mais aborrecido pelo papel ridículo daquele, degradante, como a todo homem ao natural, sem escrúpulos nem artifícios.

- Conhece aquela piada...

O rapaz já conhecia há muito tempo. Aliás, não conhecia piada mais suja. Mas era obrigado a respeitar o pai e sua anedota, por serem ambos mais velhos do que ele. E assim se sucederam piadas e piadas, numa fantástica coleção que faria inveja a qualquer produtor de filme francês.

Romyna enfrentando as poças da vida...
Deco (quarto da direita prá esquerda) e seus sobrinhos
observando....
Como terminará esse filme ?
Façam suas apostas...rs

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Testando a memória auditiva

Joguinho para quem gosta de cinema e pensa que tem boa memória auditiva. É só clicar no título ou aqui
http://www2.uol.com.br/flashpops/jogos/flashpops.shtml

Quem quiser arriscar outros temas pode visitar também
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TERMINOU O CAMPEONATO BRASILEIRO

Será que terminou mesmo ?

Conferindo...

O penta-campeão (?) brasileiro foi o time do São Paulo.

Parabéns..

Quem é o grande craque desse time ?

Um goleiro que bate faltas...

quando " batia uma bolinha" , nos terrões da várzea, só jogava de goleiro

quem não sabia jogar ou era o dono da bola.

Qual a grande virtude do tal penta-campeão ( ? ) ?

Não tomar gol de jeito nenhum.

Lembra tudo, principalmente o "maledetto" futebol italiano, menos

o nosso criativo - beirando a arte, futebol brasileiro.

Uma coisa me chamou a atenção nesse entediante campeonato:

notei que os jogadores só usavam, ou fraldas de neném

ou fraldas geriátricas

Porque só na Europa estão usando calções, como usávamos há um tempo atrás ?

Alguém me ajuda a entender ?

PS. sobre a interrogação ao lado de penta-campeão(?)

é porque considero o Flamengo o verdadeiro e único penta-campeão brasileiro.

Se a CBF não reconhece, azar dela ...

Também não reconheço esse tal de Ricardo Teixeira,
dono desse latifúndio.

Stefan