sábado, 9 de fevereiro de 2008

Boteco


QUEM NUNCA ENTROU NUM BOTECO,
SÓ PASSOU PELA VIDA,
NÃO VIVEU!

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Solução de Vida

Uma letra de música que é um verdadeiro poema.

de Paulinho da Viola


Acreditei na paixão
E a paixão me mostrou
Que eu não tinha razão

Acreditei na razão
E a razão se mostrou
Uma grande ilusão

Acreditei no destino
E deixei-me levar
E no fim
Tudo é sonho perdido
Só desatino, dores demais

Hoje com meus desenganos
Me ponho a pensar
Que na vida, paixão e razão,
Ambas têm seu lugar

E por isso eu lhe digo
Que não é preciso
Buscar solução para a vida
Ela não é uma equação
Não tem que ser resolvida

A vida, portanto, meu caro,
Não tem solução

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

SONETOS


ANTERO DE QUENTAL


Intimidade


Quando, sorrindo, vais passando, e toda
Essa gente te mira cobiçosa,
És bela - e se te não comparo à rosa,
É que a rosa, bem vês, passou de moda...

Anda-me às vezes a cabeça à roda,
Atrás de ti também, flor caprichosa!
Nem pode haver, na multidão ruidosa,
Coisa mais linda, mais absurda e doida.

Mas é na intimidade e no segredo,
Quando tu coras e sorris a medo,
Que me apraz ver-te e que te adoro, flor!

E não te quero nunca tanto (ouve isto)
Como quando por ti, por mim, por Cristo,
Juras - mentindo - que me tens amor...


Uma Amiga

Aqueles que eu amei, não sei que vento
Os dispersou no mundo, que os não vejo...
Estendo os braços e nas trevas beijo
Visões que a noite evoca o sentimento...

Outros me causam mais cruel tormento
Que a saudade dos mortos... que eu invejo...
Passam por mim... mas como que tem pejo
Da minha soledade e abatimento!

Daquela primavera venturosa
Não resta uma flor só, uma só rosa...
Tudo o vento varreu, queimou o gelo!

Tu só foste fiel - tu, como dantes,
Inda volves teus olhos radiantes...
Para ver o meu mal... e escarnecê-lo!

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

"Quem paga a banda, escolhe a música "



PABLO NERUDA,
poeta chileno,
um dos alvos mais notórios da CIA
Livro expõe a luta anticomunista de agentes culturais da CIA


Na luta por corações e mentes durante os anos de Guerra Fria,
a CIA (Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos)
teve um braço armado de dólares para promover o
"american way of life" (estilo de vida americano).
Tudo para cooptar intelectuais e artistas em sua campanha
anticomunista, especialmente contra a União Soviética.
A ação foi investigada ao longo de cinco anos pela jornalista
inglesa Frances Stonor Saunders e resultou em
" Quem Pagou as Contas? — A CIA na Guerra Fria da Cultura" ,
originalmente lançado em 1999 pela Granta.

Para sorte dos brasileiros, o livro acaba de chegar
às livrarias do país.
Frances evita destacar um caso de interferência mais perturbadora:
O envolvimento da CIA na cultura foi uniformemente
pernicioso e errado". Mas conta, por exemplo,
que o expressionismo abstrato, de artistas como Jackson Pollock,
foi a "arte oficial" do período. Tratava-se de um implícito ataque
ao realismo tão amplamente desenvolvido pela União Soviética.
Segundo a autora, a área mais "frutífera" para a agência americana
foi a de revistas e livros. Autores progressistas
— como o poeta chileno Pablo Neruda ou o filósofo
francês Jean-Paul Sartre — “não eram bem-vindos como participantes”,
revela Frances em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.

A CIA, por sinal, fez ardilosa campanha para que Neruda não
recebesse o Nobel de Literatura.

Leia abaixo trechos da entrevista de Frances Stonor Saunders à Folha.

A senhora encontrou muitos obstáculos oficiais para a sua pesquisa?

Meu pedido por documentação na CIA não obteve êxito.
O Ato de Liberdade de Informação tem muito pouco efeito quando
se trata de extrair material da CIA. Mas outras fontes de arquivo
são muito ricas em termos de material da agência, principalmente
porque ela trabalhou bem de perto com o setor privado para
promover seus programas.
Grandes instituições filantrópicas — a Fundação Ford, por exemplo
— trabalharam com a CIA fornecendo dutos para seus dólares.
E havia muitas fundações testas-de-ferro que,
para manter as aparências, mantiveram suas contas e seus registros.

Uma vez que era sabido quais foram criadas pela CIA,
foi relativamente fácil inspecionar seus documentos.
Quais eram os objetivos da CIA?

A agência estava tentando promover uma idéia:
a "pax" americana era a coisa certa. A cultura, a arte e as idéias
americanas eram os lugares onde as liberdades eram expressas
e protegidas. Tudo que tinha a ver com o comunismo era mau,
e o antiamericanismo era uma traição dos princípios fundamentais
que sustentavam a liberdade de expressão.

O que os "agentes culturais" da CIA fizeram
para disfarçar suas verdadeiras intenções?

A CIA disfarçou seu investimento em cultura escondendo-se atrás
de uma série de frentes de atuação, sendo a mais bem-sucedida delas
o Congress for Cultural Freedom (congresso pela liberdade cultural).
Para tanto, ela confiou a um círculo de intelectuais a proteção
de seu segredo e o cultivo de seus investimentos.

Mas houve alguns descuidos incrivelmente estúpidos:
a operação financeira deixou um rastro de documentos,
como fios pendurados na parte anterior de um rádio.
Uma vez que as suspeitas vieram à tona, foi fácil trilhar o caminho do
dinheiro que levava à CIA. No meio da década de 60, muita gente
sabia de onde o dinheiro vinha.

Mas muitas pessoas que estavam recebendo diárias da agência
não queriam reconhecer o fato e enfiaram suas cabeças na areia.
Elas sabiam, mas não queriam saber. Outras certamente sabiam em
detalhes o que estava acontecendo e estavam envolvidas no engano
a seus colegas e a seu público. E o legado desse acordo notório ainda está,
acredito eu, sendo experimentado.

Entre todas as áreas da cultura, qual a senhora acha que a CIA
investiu mais e por quê?

O programa de Guerra Fria cultural era muito abrangente,
mas era em grande parte sofisticado e erudito. Ele não investiu muita
energia ou dinheiro em cultura popular, mas se concentrou em
atividades intelectuais — periódicos, seminários, concertos,
exposições de arte — porque ele queria conquistar a elite intelectual
e aproximá-la da idéia de que o futuro da liberdade estava
indissociavelmente ligado aos valores americanos, ao poder americano.
Quais áreas da cultura foram mais "frutíferas" para a CIA?

Provavelmente, o melhor retorno para a agência foram as áreas
dos periódicos e livros. A CIA tinha um programa de publicações
e revistas bem abrangente e tinha um bom orçamento
— com o qual foi possível atrair algumas das melhores mentes
da era pós-guerra e dar a essas pessoas a plataforma para transmitir
suas idéias. Não é necessário dizer que tais idéias tinham de dizer,
em menor ou maior grau, simpáticas aos pagadores da CIA.

Pablo Neruda ou Sartre não eram bem-vindos como participantes.
Alguns daqueles artistas não teriam hoje
a mesma importância sem a influência da CIA?

É possível questionar a reputação de alguns escritores e artistas
à luz do que sabemos sobre o envolvimento da CIA na
Guerra Fria cultural. Por outro lado, a agência fez de tudo
para prejudicar Pablo Neruda, não apenas por sua visão política
mas também como escritor. Ela, em segredo, fez campanha
contra a premiação dele com o Nobel.
Mas muitos escritores ou pensadores menores de repente se viram tirando
proveito de passagens de primeira classe para viajar pelo mundo
e fazer palestras tendo uma plataforma fornecida pelo braço secreto
do governo americano. Quantos deles estavam
destinados a parar nos porões dos sebos de livros?

No meu capítulo sobre o expressionismo abstrato, eu não questiono
o valor estético do movimento ou o impacto que ele teve,
e continua a ter, na história da arte. Mas mostro como a CIA estava
envolvida num cartel cujo principal objetivo era asseverar os méritos
do expressionismo abstrato como propaganda da liberdade americana,
e isso foi feito em detrimento de outros tipos de arte.
O movimento se tornou a arte oficial da Guerra Fria americana,
o tipo de arte que os diretores da CIA colocavam na parede de suas salas.
Acho importante saber como isso ocorreu.
Pode-se comparar esta política ao que foi feito
durante o nazismo e na União Soviética?

O que a CIA fez foi infinitamente mais sofisticado do que fizeram
os nazistas ou os soviéticos. Não se tratava de armar estratégias
para forçar pessoas a seguir a linha oficial.
O que CIA desenvolveu foi uma forma muito sutil de propaganda:
o tipo em que as pessoas envolvidas em sua produção, e aquelas
envolvidas em seu consumo, sequer sabiam o que é propaganda.
Então, nada de agrupamentos de massa, pinturas realistas
mostrando trabalhadores brandindo suas ferramentas contra
a opressão dos capitalistas. Pelo contrário, você mostra às pessoas
o expressionismo abstrato, que aparentemente não significa nada,
e você diz "olhe como somos livres, tão livres que produzimos arte
que significa tudo e nada ao mesmo tempo".

E o que você obtém é um dispositivo bem inteligente
para encorajar a idéia de que a América é a campeã da liberdade,
apesar do que esteja acontecendo em seu nome ou
sob seus auspícios (o estabelecimento de ditaduras na
América Latina, a interferência com esquadrões da morte, tortura, etc.).

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

coisadiloco

(texto de Cris*)

detalhe do desfile da Vai Vai emfoto de Jonne Roriz/Agencia Estado
adoro o brasil.
coisadiloco.


Vai vai ganhou o carnaval em sampa. é uma escola do bairro de bela vista ou bixiga.
bixiga porque houve uma epidemia de varíola na região e o nome pegou.

é perto do centro, um bairro de italianos, onde ha varias cantinas e teatros. agora tem muito nordestinos e japoneses morando lá também.

minha filha foi ver o desfile e disse que a única escola que levantou a avenida foi a vai vai. meu genro ficou bravo porque no único desfile que ele foi ver não tinha mulher pelada.
nessa escola tem muito descendente de japoneses desfilando. geléia geral.

enfim, a vai vai não tem barracão para ensaiar, então vai na rua mesmo.
logo depois da apuração, o que fazem os sambistas? vão pra igreja de aquiropita, acho que é isso mesmo, umas 300 pessoas, na frente da igreja rezando, na maior concentração. coisadiloco. depois saem pra rua comemorar, já que não tem quadra.

comemoração da Vai Vai, em foto de Luiza Brito/portal G1

Só que hoje é dia de feira no bixiga, dia de pastel, e o povo sai sambando no meio dos tomates e peixes.

está a maior festa por aqui. os vizinhos berrando pros sambistas calarem a boca, os feirantes berrando pra vender o peixe, os sambistas berrando, cantando o samba vencedor, já no maior pileque. rsrsrsr.
vai um chops e dois pastel ai?

nossa elite é uma droga, mas o povo, ah esse sabe fazer uma bela bagunça.
paulista pode não saber sambar, mas que sabe fazer festa, lá isso sabe.


* publicado originalmente na comunidade do Orkut Edu Lobo - Lado B

Heloísa

Conheçam Heloísa,
música de Deco Lage, interpretada por Ciríaco

HUMOR

O homem se aproxima da jovem sentada sozinha no bar e oferece uma bebida.
- O quê? Para o motel? – pergunta ela, aos gritos.
- Não, você não entendeu direito – apressa-se em explicar o homem. - Só estou oferecendo uma bebida.
- Você está me convidando para ir ao motel com você? – repete a mulher, em voz mais alta.
Desnorteado e constrangido, o homem se dirige a uma mesa do canto, sob o olhar curioso dos outros clientes.
Depois de alguns minutos, a mulher vai até ele e se justifica:
- Sinto muito ter causado aquela cena, mas estudo psicologia e minha tese é sobre o comportamento humano em situações inusitadas.
- O quê? – berra o homem. - 300 reais?

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A moça vai procurar emprego como doméstica.
- Há uma vaga disponível, mas tem de ser uma pessoa estável – comenta a recrutadora.
- Tenho certeza de que sou a pessoa indicada. Fiquei 12 anos na última casa!
- Doze anos? Puxa, que maravilha! E onde era essa casa?
- A Casa de Detenção!

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O pai, já idoso, nota os comprimidos de Viagra do filho no armário de remédios.
- Posso experimentar? – pergunta.
- Claro, diz o filho. - Mas aproveite bem. Cada comprimido desses custa 30 reais.
O pai fica chocado com o preço.
- Não se preocupe – garante ao filho. - Eu vou lhe devolver o dinheiro.
Na manhã seguinte, no café da manhã, o filho encontra um envelope debaixo do seu prato. Dentro há 330 reais.
- Mas, pai – surpreende-se ele - o comprimido só custa 30 reais.
- Eu sei – responde o pai, sorrindo. - Eu dei 30. Os 300 são de sua mãe.

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Dois idiotas estão andando nos trilhos do trem. Depois de alguns quilômetros, um deles reclama:
- Nossa, esses degraus estão me matando.- Não são só os degraus, é esse maldito corrimão baixo.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Olimpíadas ?





(Ben Johnson, velocista pego no anti-dopping pelo uso de estanozolol)
Se aproximam as Olimpíadas de Pequim...
Existe dentro de mim um sentimento e gostaria
de compartilhá-lo com vocês sobre o que anda
acontecendo com o esporte de uma maneira
geral e particularmente no grande evento mundial
que as Olimpíadas representa.
Tenho sempre a impressão que o esporte - que sempre
considerei uma as mais importantes atividades humanas
- está sendo a cada dia mais desnaturado, pervertido.
Explico: a quebra de recordes mundiais,
na grande maioria das competições
das Olimpíadas, que acaba sendo o maior dos objetivos
dessas disputas, faz com que se utilize cada vez mais,
do recurso ao doping. A tal da " medicina esportiva"
a serviço de investidores ganaciosos,
tem como único objetivo, burlar os exames
anti-doping que são feitos nos atletas.
A cassação de medalhas conquistadas nessa e em outras
competições internacionais deixa bem nítida
essa desnaturação do esporte.
A raiz dessa perversão, eu considero
se localizar na transformação do esporte em profissão.
O que era originalmente uma atividade saudável, lúdica,
se transformou numa busca insana de performances
únicas que tornam alguns poucos milionários
e centenas de milhares, milhões de jovens frustrados e doentios.
Seria esse mais um dos aspectos da barbárie humana
que estamos vivenciando ?

domingo, 3 de fevereiro de 2008

A sensibilidade de Dolores Duran


Estou profundamente encantada com Dolores Duran.
Pela voz, pela intensidade de suas composições, pela alma passional, pela vida agitada, pelas dores de amores e, claro, pela morte precoce, suspeita de suicídio.
Nascida Adiléia da Silva Rocha, no Rio de Janeiro, em 7 de junho de 1930, Dolores morreu em 23 de outubro de 1959, com apenas 29 anos. Morreu de amor?
Mas não vou reiventar a roda aqui para falar desta moça de coração sensível que estou conhecendo melhor somente agora.
Por isso, optei por apenas reproduzir informações de uma fonte segura: O Dicionário Cravo Albin de MPB.

Desde os três anos de idade já cantava. Aos cinco, já participava das festas populares de reisado e do grupo de pastorinhas (saía vestida de anjo), realizadas no bairro. Morou nos subúrbios cariocas de Irajá e de Pilares. Teve problemas de saúde na infância (reumatismo infeccioso), um dos motivos do problema cardíaco que lhe acometeu na idade adulta. Aos dez anos, incentivada pelo amigo da família chamado Domingos, resolveu participar do programa de calouros de Ary Barroso (Calouros em Desfile). A pequena Adiléa escolheu a música "Vereda tropical", que interpretou fantasiada de mexicana, com letra em português e espanhol. Tirou nota máxima, o elogio de Ary e 500 mil-réis. A partir daí, passou a aparecer em vários programas da época, sempre aos domingos. Aos doze anos perdeu o pai, fato que precipitou sua profissionalização, já que necessitava ajudar a família nas despesas.

Depois da morte do pai, a mãe, por necessidade, apressou sua profissionalização. Aos doze anos, passou a atuar no "Teatro da Tia Chiquinha", programa infantil da Rádio Tupi carioca, mesmo ganhando cachês baixos. A mãe resolveu procurar o diretor da rádio, Olavo de Barros, para pedir um aumento nos cachês. Olavo resolveu o problema levando a menina para atuar em uma temporada de peças infantis realizada no Teatro Carlos Gomes. Participou da montagem de "Mãe-d'Água", "Primavera", "Aladim e a lâmpada maravilhosa" e "O gaúcho".

Nessa época, gostava de ouvir discos de músicas estrangeiras (inglês, francês, italiano e espanhol). Percebendo que tinha facilidades na pronúncia em vários idiomas, passou a aprender várias músicas para interpretar. Foi esse fato que a fez participar do concurso "À procura de uma cantora de boleros", organizado por Renato Murce e realizado na Rádio Nacional. Apesar de não vencer o concurso (a vencedora foi Rosita Gonzalez), passou a freqüentar a rádio, procurando aparecer em vários programas e conhecer os artistas da época.

Um dia, numa apresentação em um dos programas, foi ouvida pelo Dr. Lauro Pais de Andrade e esposa, que a convidaram para um teste na Boate Vogue (estabelecimento do empresário Barão von Stuckart). Na ocasião do teste, cantou em vários idiomas, o que lhe valeu um contrato. Tinha desesseis anos e passou a usar o nome artístico de Dolores Duran a partir daí. Num desses shows na Vogue, foi vista por César de Alencar, que a convidou para trabalhar em seu programa que ia ao ar nos sábados pela Rádio Nacional. Foi contratada com o salário de 150 mil-réis por mês.

Começou a ser conhecida na noite carioca, freqüentando e se apresentando em várias boates, tais como a Vogue, Beguine, Little Club, Baccarat, Casablanca, Acapulco e Montecarlo. Nesse período de apresentações em shows noturnos, conheceu Ella Fitzgerald, que elogiou sua interpretação de "My funny Valentine" (de Hodges e Hart) e Charles Aznavour, que riu muito quando a cantora o chamou de Gringo. Fez amizades com personagens famosos da crônica carioca: Sérgio Porto, Antônio Maria, Nestor de Holanda e Mister Eco.
Para fazer o download deste disco, acesse o blog Um Que Tenha

Gravou o primeiro disco em fins de 1951, lançado para o carnaval do ano seguinte, com os sambas "Que bom será", de Alice Chaves, Salvador Miceli e Paulo Marques e "Já não interessa", de Domício Costa e Roberto Faissal, pela gravadora Star. Em 1952, também pela Star, gravou o samba canção "Um amor assim", de Dora Lopes e o samba "Outono", de Billy Blanco. Em 1954, foi contratada pela Copacabana e estreou com o samba canção "Tradição", de Ismael Silva e o samba "Bom é querer bem", de Fernando Lobo. No mesmo ano, gravou com sucesso o samba canção "Canção da volta", de Antônio Maria e Ismael Neto. Gravou também o samba canção "O amor acontece", dos irmãos Celso e Flávio Cavalcânti. Nessa época, apresentava-se com sucesso na boate Begui, do Hotel Glória, acompanhada pelo conjunto de Guio de Morais.

Em 1955, gravou com sucesso o samba canção "Praça Mauá", de Billy Blanco e o choro "Carioca 1954", de Antônio Maria e Ismael Neto. No mesmo ano, voltou a gravar uma composição dos irmãos Cavalcanti, o samba canção "Manias". Gravou ainda no mesmo ano o samba "Pra que falar de mim", de Ismael Neto e Macedo Neto. Nessa última gravação, ficou conhecendo Macedo Neto, com quem se casou em poucos meses. Nesse ano, fez excursão ao Uruguai e compôs sua primeira música: "Se é por falta de adeus", em parceria com Tom Jobim, gravada por Dóris Monteiro logo em seguida. Ainda no mesmo ano, lançou pela Copacabana o LP "Dolores Duran viaja", no qual interpretou composições em espanhol, inglês, francês e alemão, além de "Canção da volta", de Ismael Netto e Antônio Maria.

Casou-se em 8 de julho de 1955 com o radioator e compositor Macedo Neto. O casal não teve filhos, mas adotou uma menina (Maria Fernanda Virgínia da Rocha Macedo). Separaram-se três anos depois. Chegou a manter um romance com o músico e compositor João Donato, mais novo do que ela. Mas o namoro chegou ao fim, quando Donato foi morar no México.

Em 1956, gravou um de seus sucessos como intérprete, o baião "A fia de Chico Brito", de Chico Anysio. Registrou no mesmo disco o xote "Na asa do vento", de Luiz Vieira e João do Vale. Ainda no mesmo ano, gravou o bolero "Zefa Cangaceira", de Chico Anysio. Ainda neste ano, integrou a Caravana de Paulo Gracindo, atuando em circos, nos subúrbios cariocas e viajou em excursão para a Argentina e Uruguai com o violonista Bola Sete e seu conjunto.

Em 1957, gravou os sambas "Tá pra acontecer", de José Batista, Ivan Campos e Monsueto Menezes; "Minha agonia", de Mirabeau, Valdir Rocha e Paulo Gracindo e "Tião", de Wilson Batista e Jorge de Castro.

No mesmo ano, compôs nova parceria com Tom Jobim, o samba canção "Por causa de você". Em março daquele ano, o jovem compositor mostrou-lhe uma composição feita há poucos dias em parceria com Vinícius de Moraes. A cantora ficou encantada com a melodia e ali mesmo escreveu outra letra. Jobim tocou no piano a música e ela cantou seu poema. Ao terminarem, a cantora escreveu o seguinte bilhete para Vinícius:

"Esta é a letra que fiz para esta música. Se não concordar, é covardia!". O poeta, sem hesitar, rasgou sua própria letra, admitindo que a dela era bem melhor. Em 1958, ela mesma gravou a música ("Ah! Você está vendo só/ Do jeito que eu fiquei/ E que tudo ficou...").


No mesmo disco, gravou o samba "Estatuto de boate", de Billy Blanco. Logo em seguida, fez nova parceira com Tom Jobim, "Estrada do sol". Também no mesmo ano, gravou o LP "Dolores Duran canta para você dançar", com destaque para "Feiura não é nada" e "Se papai fosse eleito", de Billy Blanco, entre outras. Ainda em 1958, fez excursão, junto com outros artistas (Jorge Goulart, Nora Ney, Conjunto Farroupilha) à então União Soviética.

Decidiu abandonar o grupo e seguiu para Paris, onde ficou um mês se apresentando numa boate freqüentada por brasileiros. De volta ao Brasil, compôs em parceria com o amigo e pianista Ribamar os sambas-canções "Quem sou eu", "Pela rua", gravada por Tito Madi, "Se eu tiver" e o samba "Idéias erradas". Ainda em 1958, compôs "Castigo", um samba-canção que fez sucesso na voz da cantora Marisa Gata Mansa. Ainda no mesmo ano, lançou o LP "Dolores Duran canta para você dançar nº 2", com destaque para "Sabra Dios", de Álvaro Carrilho; "Conversa de botequim", de Noel Rosa e Vadico; "Esquecimento", de Fernando César e Nazareno de Brito e "Não me culpes" e "Solidão", de sua autoria.

Na madrugada de 23 de outubro de 1959, depois de um show na boate Little Club, a cantora saiu com amigos para uma festa no Clube da Aeronáutica. Ao sair da festa, resolveram 'esticar' no Kit Club. A cantora chegou em casa às sete da manhã.Ao dirigir-se para seu quarto, disse à empregada: "Não me acorde, estou muito cansada. Vou dormir até morrer."
De fato, faleceu ainda naquela manhã, enquanto dormia. Suspeita-se que havia abusado de barbitúricos e de bebida alcoólica.

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Crônica de Antônio Maria publicada no dia seguinte à morte de Dolores Duran

Vi-a, pela primeira vez, no Vogue. Cantava escondidinha, fora de luz, atrás do saxofonista. Quase não se lhe via o rosto. Faz muito tempo.Mais tarde, fizemo-nos amigos. Com Ismael Neto, andávamos constantemente juntos. Estava presente, quando fizemos algumas cançõs, "Canção da volta", por exemplo, de que foi a primeira intérprete. Hoje em dia, lembrava-se de canções, minhas e de Ismael, das quais não me lembro. Só ela se lembrava. Prometia sempre um encontro (um maestro presente), para escrevermos essas músicas, que Ismael não teve tempo de escrever. Uma delas chama-se "Dez noites". Essas músicas não serão conhecidas nunca mais. Poucas vezes passou pela música popular uma mulher de tanta sensibilidade. Seu coração era um coração repleto de amor. Nunca a vi que não dissesse estar apaixonada. Não dizia por quem . Vi-a, pela última vez na madrugada da última quinta-feira, no Kilt Bar. Fazia contracanto com um disco de canção francesa. Todos a ouviam, em silêncio. Depois, levantou-se, atravessou o bar e foi sentar-se sozinha, a uma mesa escanteada. Atirou-me um amendoim, para que eu a olhasse, e gritou de lá: "Estou tão apaixonada, e quero ficar aqui quietinha. Poss?". Procuro você, agora, para guardar os traços de seu rosto. Você, palidamente, você. O aroma da morte, entre as flores. Realizo no sono do seu rosto toda a humanidade, num sómomento difuso e longínquo. Roda-me a cabeça pelo álcool que bebi à notícia de sua partida. Já não sei onde estão as palavras."


Canções

A noite do meu bem
Canção da tristeza (c/ Edson Borges)
Castigo
Demais
Deus me perdoe (c/ Edson Borges)
Estrada do sol (c/ Tom Jobim)
Falsos amigos
Fim de caso
Idéias erradas (c/ Ribamar)
Leva-me contigo
Minha toada (c/ Edson França)
Não me culpes
Noite de paz
Olhe o tempo passando (c/ Edson Borges)
Pela rua, samba-canção (c/ Ribamar)
Por causa de você (c/ Tom Jobim)
Prece de Vitalina (c/ Chico Anísio)
Quem foi? (c/ Ribamar)
Quem sou eu? (c/ Ribamar)
Se é por falta de adeus (c/ Tom Jobim)
Se eu tiver (c/ Ribamar)
Só ficou a saudade (c/ Fernando César)
Solidão
Ternura antiga (c/ Ribamar)
Tome conta de você (c/ Edson Borges)