sábado, 8 de março de 2008

Sobre o nascimento da filha Silvia


Fatos & Fotos - abril/69

No dia 28 de março, nascia a filha de Chico Buarque de Hollanda e Marieta Severo. O parto, induzido e difícil, causou algumas complicações. A menina nasceu com algumas manchas no rosto e a cabeça ligeiramente deformada. Mas, apesar da preocupação do pai, os problemas desapareceram no terceiro dia e Sílvia já está em boa forma. Marieta, que foi internada na Clínica Moscatti, nos arredores de Roma, resistiu bravamente ao seu primeiro parto e assim que pode, numa rápida assembléia com Chico, escolheu Vinícius de Moraes para padrinho, Na confusão dos três primeiros dias de sua filha Chico fala para Fatos e Fotos sobre a menina, o trabalho e as saudades do Brasil.
Estou em Roma desde o início do ano e pretendo ficar até julho, mais ou menos, depende... É preciso tomar um chá de tranqüilidade assim de vez em quando. A Itália oferece trabalho, Roma é apaixonante e o italiano é quase irmão da gente.

Saudades do Brasil é claro que tenho. Da praia, do Antonio’s, do futebol, dos amigos. Dos amigos, principalmente, mas ainda bem que puseram um satélite lá em cima e a gente se telefona volta e meia.

Não vou dizer que estou estourando na praça européia porque é mentira. Meus discos vendem bem, está dando para viver, já é muito. Os críticos aplaudem, os teatros também, mas o sucesso popular, popular mesmo, não é mole, sabe? A gravação Far Niente (Bom Tempo), as aparições na televisão e um programa fixo na rádio estão ajudando. Pelo menos o público já sabe que eu sou Tchico Barcue, cantautore brasiliano, conterrâneo de Pelé, Garrincha e Altafini.

Vou a Paris gravar um álbum em francês, com as mesmas músicas do disco italiano. Isso de ficar cantando em língua estrangeira não estava nos meus planos, mas é o mínimo que a gente pode ajudar para se fazer entender. Esse tal de velho mundo tem o ouvido cansado, carece de um ritmo novo, de melodia diferente. Mas é preciso ir aos poucos, facilitar, senão eles acham que samba é exotismo nosso. É por isso que faço questão de acompanhar as traduções, mesmo convencido de que é impossível traduzir o espírito, as rimas e os ritmos que o samba tem. Ainda bem que tenho como tradutor a excelente figura de Sérgio Bardotti, italiano que ama o Brasil como poucos brasileiros. Agora ele está trabalhando também com o Vinícius. Ele paquera o samba com amor e tempo integrais.

Tenho composto sim, devagar e sempre, coisas novas para lançar no Brasil. Aliás, no fundo tenho pensado mesmo é nas gravações brasileiras. A essa altura já deve ter saído por lá um disquinho com “Umas e Outras”. Taí uma gravação que me deu gosto. O resto segue num elepê até junho. É bom mesmo que faça esse disco correndo, senão a fábrica continua lançando meus discos estrangeiros no Brasil. Quanto a festivais, trato de tirar o corpo fora. É justo que o público exija caras novas e vice-versa. Eu já estava virando cara velha.

Não, minha filha não vai se chamar Rita, nem Carolina. Nem Roda-Viva. Talvez Sílvia, não sei. Temos ainda um mês para decidir e registrar no consulado, brasileirinha sim senhor.Olha aí, pode dizer até que eu sou esse artista de projeção, mas deixa-me brincar de vez em quando. Três anos de vida pública cansam qualquer um, mas não quero que minha filha me encontre circunspecto. Afinal, ela é afilhada do Vinícius, há de ser minha amiga. É por isso que, à noite, sempre vou grudar o rosto no vidro do berçário. Ela é muito preguiçosa e dorme o tempo inteiro, rindo. Mas, quando abrir o olho, ela talvez me veja como vejo meu pai. Sabe duma coisa? Ela não vai ser filha de Chico Buarque nenhum. Eu é que vou ser pai dela.

quinta-feira, 6 de março de 2008

HUMOR

Com sérios problemas financeiros, o caipira vendeu sua mula por 100 reais a outro caipira, que concordou em receber o animal um dia depois. No dia seguinte, o primeiro caipira chegou e disse:
- Cumpadi, cê me discurpa mas a mula morreu.
- Morreu?
- Morreu.
- Intão devorve o dinheiro.
- Ih... já gastei.
- Intão me traiz a mula.
- Mas o que cê vai fazê com uma mula morta?
- Vou rifá.
- A mula morta? Quem vai querê?
- É só eu num falá que ela morreu, ué!
Um mês depois os dois se encontram e o caipira que vendeu a mula pergunta:
- Ô cumpadi, e a mula morta?
- Rifei. Vendi 500 biete a 2 real cada. Faturei 998 real.
- Eita! E ninguém recramô?
- Só o homi que ganhô.
- E o que cê feiz?
- Devorvi os 2 real pra ele.

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São Pedro detém um homem às portas do céu:
- Você pregou mentiras demais para entrar aqui – diz, fúnebre.
- Tenha dó – retruca o homem. - Você também foi pescador.

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- Como você quebrou a perna, João?
- Está vendo aquele buraco ali em frente à casa?
- Sim, estou vendo!
- Pois eu não vi...

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A loura no restaurante chama o garçom e, quando ele se aproxima, ela se levanta e fala baixinho no ouvido dele:
- Onde é o banheiro?
O garçom responde:
- Do outro lado.
A loura se aproxima do outro ouvido do garçom e repete:
- Onde é o banheiro?

quarta-feira, 5 de março de 2008

SOBREVIVÊNCIAS

Texto de um amigo meu poeta, Roberto, morando em João Pessoa

- Houve um tempo em que eu não contava estrelas.
- Nem admirava os olhos de uma bela mulher.
- Nem dava a mínima atenção à lua.
- Não enxergava o desabrochar das flores.
- Não ouvia o canto dos pássaros.
- Nem o ruído manso da chuva na vidraça.
- Não afagava os animais.
- E não tinha a menor idéia que havia amanheceres.
- Que havia raios de sol no entremeio das folhas da relva.
- Eu me lixava pras felicidades.
- Comer era um gesto mecânico para sobreviver.
- Não deixava a música penetrar no meu íntimo.
- Lacrava em caixas os livros de poesia que encontrava.
- O riso era encarcerado.
- O bom-humor, artigo de luxo.
- O querer bem uma fatalidade.
- Houve um tempo em que eu me neguei como pessoa.
- Me entreguei ao mundo dos ausentes.
- E passei momentaneamente pela vida como um viajante sem bagagens.
- Um viajante sem rumo.
- Um homem que simplesmente necessitou sobreviver.

- E os que sobrevivem não têm tempo para encantamentos,
se perdem no pântano das necessidades diárias e reais e não enxergam,
à sua frente, o lado simples e mágico da vida.

- Houve um tempo em que sobrevivi a mim mesmo.
- Hoje ainda carrego marcas da minha sobrevivência.
- Mas já consigo sentir um pequeno arrepio a cada manhã.
- Consigo enxergar o sol.
- A delicadeza da água.
- Os olhos do meu filho.
- Sinto as asas crescerem.
- Qualquer dia acordarei anjo.
- E voarei pelas minhas entranhas à procura dos meus arrebóis.
- E me tornarei novamente uma pessoa.
- Sem remorsos!

QUARTA POÉTICA - CASTRO ALVES


CASTRO ALVES


SOMBRA - ÚLTIMO FANTASMA

Quem és tu, quem és tu, vulto gracioso,
Que te elevas da noite na orvalhada?
Tens a face nas sombras mergulhada...
Sobre as névoas te libras vaporoso...

Baixas do céu num vôo harmonioso!...
Quem és tu, bela e branca desposada?
Da laranjeira em flor a flor nevada
Cerca-te a fronte, ó ser misterioso!...

Onde nos vimos nós? És doutra esfera?
És o ser que eu busquei do sul ao norte...
Por quem meu peito em sonhos desespera?

Quem és tu? Quem és tu? - És minha sorte!
És talvez o ideal que est'alma espera!
És a glória talvez! Talvez a morte!

SOMBRA - DULCE

Se houvesse ainda talismã bendito
Que desse ao pântano - a corrente pura,
Musgo - ao rochedo, festa - à sepultura,
Das águias negras - harmonia ao grito...,

Se alguém pudesse ao infeliz precito
Dar lugar no banquete da ventura...
E tocar-lhe o velar da insônia escura
No poema dos beijos - infinito...,

Certo. . . serias tu, donzela casta,
Quem me tomasse em meio do Calvário
A cruz de angústias que o meu ser arrasta!...

Mas ,se tudo recusa-me o fadário,
Na hora de expirar, ó Dulce, basta
Morrer beijando a cruz de teu rosário!...

segunda-feira, 3 de março de 2008

Expressões Populares - significado e histórico

QUEM NÃO TEM CÃO CAÇA COM GATO

Significado: Ou seja, se você não pode fazer algo de uma maneira, se vira e faz de outra.

Histórico: Na verdade, a expressão, com o passar dos anos, se adulterou. Inicialmente se dizia “quem não tem cão caça como gato”, ou seja, se esgueirando, astutamente, traiçoeiramente, como fazem os gatos.


DA PÁ VIRADA

Significado: Um sujeito da pá virada pode tanto ser um aventureiro corajoso como um vadio.

Histórico: Mas a origem da palavra é em relação ao instrumento, a pá. Quando a pá está virada para baixo, voltada para o solo, está inútil, abandonada decorrentemente pelo homem vagabundo, irresponsável, parasita. Hoje em dia, o sujeito da “pá virada”, parece-me, tem outro sentido. Ele é o “bom”. O significado das expressões muda muito no Brasil com o passar do tempo.


NHENHENHÉM

Significado: Conversa interminável em tom de lamúria, irritante, monótona.

Histórico: Nheë, em tupi, quer dizer falar. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, os índios não entendiam aquela falação estranha e diziam que os portugueses ficavam a dizer "nhen-nhen-nhen".

PENSANDO NA MORTE DA BEZERRA

Significado: Estar distante, pensativo, alheio a tudo.

Histórico: Esta é bíblica. Como vocês sabem, o bezerro era adorado pelos hebreus quando se afastavam de sua religião e, em outras ocasiões, sacrificados a Deus num altar. Quando Absalão, por não ter mais bezerros, resolveu sacrificar uma bezerra, seu filho menor, que tinha grande carinho pelo animal, se opôs. Em vão. A bezerra foi oferecida aos céus e o garoto passou o resto da vida sentado do lado do altar “pensando na morte da bezerra”. Consta que meses depois veio a falecer.

NÃO ENTENDER PATAVINA

Significado: Não saber nada sobre determinado assunto. Nada mesmo.

Histórico: Tito Lívio, natural de Patavium (hoje Pádova, na Itália), usava um latim horroroso, originário de sua região. Nem todos entendiam. Daí surgiu o Patavinismo, que originariamente significava não entender Tito Lívio, não entender patavina.

Fonte: http://www.suigeneris.pro.br, temporariamente fora do ar.

domingo, 2 de março de 2008

Se Liga 16!



2008 é ano de eleições municipais. É o momento em que todos os brasileiros terão o direito de escolher seus representantes para os próximos quatro anos e, para a Ubes, a juventude não pode ficar fora desse importante exercício de democracia. Pensando nisso, a entidade lança no próximo dia 5 de março, a campanha ''Se liga 16'', que já é uma tradição no movimento estudantil secundarista e acontece todo ano eleitoral.

De acordo com o diretor da entidade, Thiago Mayworm, o objetivo é incentivar jovens com idade entre 16 e 17 anos a tirarem seu título de eleitor. ''Assim poderão influenciar diretamente, através de seu voto, a vida política de seu município e futuramente de seu Estado e do Brasil'', reafirma.

A iniciativa será realizada em parceria com a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), Secretaria Nacional de Juventude e Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro.


Além de mobilizar estudantes em todo o Brasil através de debates nas principais escolas, a campanha também vai levar à algumas instituições o ônibus itinerante do TRE, que possibilita a emissão do documento na hora.

Segundo o presidente da Ubes, Ismael Cardoso, a possibilidade de votar a partir dos 16 anos foi uma grande conquista da juventude brasileira que já influenciava nos rumos do Brasil através de mobilizações e agora pode também escolher seus governantes na urna.

Entre em contato com a Ubes e leve a ''Se liga 16'' para a sua escola.

Contatos:
Thiago Mayworm (11) 8179.1953 ou 11 50842127
Arthur Herculano (11) 7694.9760

Fonte: EstudanteNet