domingo, 16 de dezembro de 2007

Ataque histérico coletivo

Há alguns meses se iniciou uma campanha para a escolha das sete novas maravilhas do mundo. Não entendi direito sobre o que se tratava, qual instituição estava organizando a disputa e quais eram os outros concorrentes. Esqueci o assunto. De repente – “e não mais que de repente”, como diria o poeta – houve uma semi-comoção nacional para a escolha do Cristo Redentor. Um daqueles ataques de ufanismo burro e sem propósito tão comum por estas terras. Colocaram a bonita estátua acima do Corcovado, inclusive, a frente de verdadeiras obras para a humanidade, como o Taj Mahal e Macchu Picchu. E, logo depois, começaram os jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro. E este é o tema desta postagem.
Mal assisti às disputas pela tevê. Mas, o pouco que vi, foi irritante. Aquele povo que pouco conhece esportes, mulheres de classe média que não sabem o que acontece além dos seus quintais, homens jovens a beira de um ataque histérico. Todos nas arquibancadas “mostrando sua brasilidade” e torcendo como loucos (“loucos” é eufemismo) para esportes tão populares como o badminton, a esgrima e o pólo aquático.
“Brasil, Brasil, Brasil”, brada a torcida. Chora, se emociona, idolatra atletas os quais nunca ouviu falar na vida e que só vai saber que ainda existem se estiverem nas Olimpíadas de Pequim.
O fato é: brasileiro não sabe ser torcedor – como os argentinos sabem, por exemplo. Vivem apenas de emoções artificiais e pontuais, quando vêem uma camisa amarela na quadra ou no campo. Não se importam com a falta de estrutura esportiva do País, com o indício de roubalheira de boa parte das confederações esportivas, com mais nada que esteja alheia àquela disputa. Eles amam os atletas brasileiros, apenas isto.
A mesma coisa aconteceu quando a seleção mais chata da história conquistou a Copa América, na Venezuela. Um técnico inexperiente e prepotente ao mesmo tempo, quatro volantes no lugar que deveria haver ao menos dois craques e um tal de Robinho que joga menos do que o Galvão Bueno pensa. Ganhou? Ganhou. Mas e daí? Uma vitória com esses ingredientes indigestos não traz alegria alguma. Mas é a chance de muitos voltarem a gritar, como aconteceu comumente nesse último Pan-Americano: “Ahhhhh, sou brasileirooooooooooooooo”. Apesar do “muito orgulho" e do "muito amor” serem completamente efêmeros. E que venha a Copa do Mundo.

3 comentários:

Stefan disse...

Bruno,

também me incomodou essa

hist(e)ória do Pan...

Na verdade enojou. Bem no estilo

ufanista global.

Vergonha.

E eles sempre encontram a tal

classe média prá fazer o circo.

Boa a matéria, valeu mermão !

Unknown disse...

Concordo Bruno,o que falta aqui é um nacionalismo verdadeiro,não esse oba oba que ocorre em certas ocasiões.

Romyna Lanza disse...

E eu concordo com todo mundo, mas vou ressaltar o comentário da Heloísa:

"Concordo Bruno,o que falta aqui é um nacionalismo verdadeiro,não esse oba oba que ocorre em certas ocasiões" [589]

Bem-vindo ao blog, Bruno. Estou esperando seus textos sobre...............SAMBA.

Romyna Lanza (amiga do Mário Annuza e fã do Bruno Hoffman)