quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

QUARTA POÉTICA


Pablo Milanés

Em janeiro de 1978, Ignácio de Loyola Brandão, Antonio Callado, Fernando Morais e Chico Buarque, receberam o convite da Casa de Las Américas e passaram um mês em Cuba como integrantes do júri de teatro do Festival Latinoamericano realizado anualmente. Era a primeira vez desde 1964 que brasileiros residentes no Brasil participavam do júri: antes, só brasileiros que estavam fora, exilados. Neste período, Chico começou a encontrar gente, conhecer pessoas de vários países latino-americano: Músicos, artistas, intelectuais, e participou ativamente daquele momento muito forte, daquela espécie de movimento de resistência, o tempo da latino-americanização, um movimento coletivo espontâneo. Foi ali, junto com Pablo Milanés, que ele compôs Canción por La Unidad Latinoamericana. Na volta ao Brasil, Chico foi preso e interrogado, mas isto é uma outra história...


Canción por unidad latinoamericana
Pablo Milanés - Versão de Chico Buarque/1978

El nacimiento de un mundo
Se aplazó por un momento
Fue un breve lapso del tiempo
Del universo un segundo

Sin embargo parecia
Que todo se iba a acabar
Con la distancia mortal
Que separó nuestras vidas

Realizavan la labor
De desunir nossas mãos
E fazer com que os irmãos
Se mirassem com temor

Cuando passaron los años
Se acumularam rancores
Se olvidaram os amores
Parecíamos extraños

Que distância tão sofrida
Que mundo tão separado
Jamás se hubiera encontrado
Sin aportar nuevas vidas

E quem garante que a História
É carroça abandonada
Numa beira de estrada
Ou numa estação inglória

A História é um carro alegre
Cheio de um povo contente
Que atropela indiferente
Todo aquele que a negue

É um trem riscando trilhos
Abrindo novos espaços
Acenando muitos braços
Balançando nossos filhos

Lo que brilla com luz propia
Nadie lo puede apagar
Su brillo puede alcanzar
La oscuridad de otras costas

Quem vai impedir que a chama
Saia iluminando o cenário
Saia incendiando o plenário
Saia inventando outra trama

Quem vai evitar que os ventos
Batam portas mal fechadas
Revirem terras mal socadas
E espalhem nossos lamentos

E enfim quem paga o pesar
Do tempo que se gastou
De las vidas que costó
De las que puede costar

Já foi lançada uma estrela
Pra quem souber enxergar
Pra quem quiser alcançar
E andar abraçado nela

Já foi lançada uma estrela
Pra quem souber enxergar
Pra quem quiser alcançar
E andar abraçado nela

Nenhum comentário: