segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Kid Gerúndio

Por Deco Lage

Sob o sol escaldante do deserto, um homem está cavalgando. Um menino, que o está observando, vê que ele está armado com winchester e dois colts.O menino não está entendendo o quê aquele homem sombrio, que está fumando um charuto e cujo cavalo está marchando calmamente para a sua cidade, está pretendendo. De qualquer forma, o menino sai correndo.

O sol já se pondo no horizonte, os coiotes uivando e o belo animal negro está trotando, enquanto vai adentrando a cidade esquecida por Deus.

Ao ver o que está acontecendo e presumindo o que vai acontecer, o xerife fica tremendo, o prefeito fica se borrando, o barbeiro só olhando e a maior parte da população se escondendo. Todos vêem o homem amarrando o corcel na frente do saloon; ouvem o barulho de suas botas na calçada de madeira e a portinhola rangendo. Os mais curiosos vão correndo para as janelas grandes do lugar para ficar bisbilhotando.

Lá dentro todo tipo de facínora está bebendo, jogando, escarrando. Mas o crápulas ao verem aquele homem, que parece ser um conhecido, caminhando em direção ao balcão, vão parando com suas “diversões”.

A dona do saloon observando do alto da escada, com os espartilhos lhe sufocando, prefere ficar ali, à distancia, cismando. Enquanto o barman tenta ser cordial com o visitante:

- Como está vivendo, caubói?
E o homem secamente responde:
- Vou levando.

Enquanto fez essa pergunta, o barman viu seis jogadores de pôquer se levantando. O barman, despistando, foi logo se abaixando. O pianista foi se retirando de mansinho. O silêncio ficou imperando.


De repente, só ouviu balas zumbindo, bocas gritando, corpos caindo e gemendo, prostitutas chorando e muito sangue jorrando.


Com a fumaça abaixando e o perigo acabando, viram o homem soprando o cano de seus revólveres e depois tomando o último trago daquele uísque ordinário.

Calmamente para a saída ele foi se encaminhando, batendo portinhola e ouviram as suas botas rangendo. Em seguida, com o cavalo ainda resfolegando, o homem foi desaparecendo no horizonte.




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