domingo, 6 de janeiro de 2008

Um Torcedor Triste


LUIZ BOTELHO

Na década de 70, os grandes gênios do futebol brasileiro atuavam no sul do país. Muitos bons jogadores, por não ter espaço no sul, vieram fazer carreira no Norte-Nordeste. Foi nesta época que passei a acompanhar os jogos do Bahia na Fonte Nova. Meu time manteve por muitos anos uma espinha dorsal formada por Sapatão, Baiaco, Fito, Douglas e Beijoca. De 1970 a 1979, comemorei nove títulos de campeão baiano. É bem verdade que no âmbito nacional o Bahia deixava muito a desejar, senão vejamos: 1970 – 6° colocado entre oito clubes do Grupo A; 1971 – 13° entre 20 participantes; 1972 – 18° de 26; 1973 – 17° de 40; 1974 – 20° de 40; 1975 – 25° de 42; 1976 – 8° de 54; 1977 – 11° de 68; 1978 – 7° de 74; 1979 – 46° de 94. Mas eu era um torcedor feliz porque meu foco principal era o campeonato regional.

Na década de 80, os grandes gênios do futebol brasileiro migraram para o exterior. Os bons jogadores passaram a atuar no sul do país e as nossas revelações sonhavam em fazer carreira nas regiões sulistas e ficava difícil segurá-los por muitas temporadas. O Bahia perdeu sua espinha dorsal, mas eu continuava a ser um torcedor feliz, pois de 1980 a 1989 comemorei sete títulos de campeão estadual e um brasileiro. O desempenho do Bahia no campeonato brasileiro ainda não era satisfatório, embora já se pudesse notar certo equilíbrio a partir de 1985, talvez um função da ausência dos grandes gênios no futebol do sul, senão vejamos: 1980 – 26° de 44; 1981 – 16° de 44; 1982 – 14° de 44; 1983 – 21° de 44; 1984 – 26° de 41; 1985 – 12° de 44; 1986 – 5° de 48; 1987 – 11° de 16; 1988 – 1° de 24; 1989 – 18° de 22.

Na década de 90, os grandes gênios e os bons jogadores do futebol brasileiro atuavam no exterior. Nossas revelações sonhavam em jogar também no exterior e não era mais possível segurá-los nem por uma temporada. A Copa do Brasil foi criada e, no final da década, também a Copa do Nordeste, mas estes campeonatos eram programados para o mesmo semestre do campeonato regional, que foi pouco a pouco perdendo sua importância. Nesta época, também, foram dados os primeiros passos para a “moralização” do futebol brasileiro e, pela primeira vez desde 1971, o Bahia não disputou o campeonato brasileiro da 1ª divisão, em 1998. Os cinco títulos estaduais (um deles dividido com o Vitória) e o bicampeonato do Nordeste não foram suficientes para me tornar um torcedor plenamente feliz. No campeonato brasileiro, o Bahia ficou nas seguintes colocações: 1990 – 4° de 20; 1991 – 13° de 20; 1992 – 18° de 20; 1993 – 30° de 32; 1994 – 7° de 24; 1995 – 17° de 24; 1996 – 22° de 24; 1997 – 23° de 26; 1998 e 1999 – não disputou.

Estamos em um novo milênio. Os grandes gênios, os bons jogadores e as nossas revelações atuam no exterior. Os que ainda não foram descobertos jogam no sul do país. O Bahia tenta armar um time novo a cada semestre, sem sucesso. Nem sequer comemorei o único título baiano em 2001. Ainda bem que em 2000 deram um jeitinho na “moralização” do futebol brasileiro e criaram a Copa João Havelange e o Bahia retornou à 1ª divisão com os seguintes desempenhos: 2000 – 22° de 29; 2001 – 8° de 28; 2002 – 19° de 26; 2003 – 24° de 24; 2004 em diante não mais disputou.

Tornei-me um torcedor triste.

2 comentários:

Luiz Botelho disse...

A torcida do Bahia é impressionante. Clique na imagem para ampliá-la. Percebam que a arquibancada já está cheia, mas continua a chegar torcedores tricolores. Na 3ª Divisão do ano passado a média de público pagante do Bahia foi superior a 40 mil por jogo. Nos últimos jogos, foram vendidos todos os 60 mil ingressos. Pena que a velha Fonte Nova não resistiu a tanto peso.

Anônimo disse...

Impressionante é pouco para exprimir o que representa a torcida do EC Bahia. Às vezes, quando imagino um desses grandes times do sul indo amargar uns dois anos na 3ª divisão do campeonato brasileiro e um longo jejum de títulos, penso se ainda assim teriam uma média de público tão impressionante, é pena que isso raramente aparece no Globo Esporte.