quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

REVEILLON EM CAMAMU

Luiz Botelho
Por força do trabalho passei o Reveillon em Camamu, longe da família e dos amigos. Segundo informações dos moradores da pequena cidade, o ponto alto da festa seria a romaria dos barcos, uma procissão marítima que começa na manhã do dia 31 e acaba no final da tarde quando do seu retorno.

Quando meu despertador tocou às seis horas da manhã, um grande movimento já se ouvia do alto do meu quarto da pousada. Na varanda pude ter uma idéia da dimensão da festa. A quantidade de barcos no cais era muito superior aos dias normais e a mistura de sons me ajudou a despertar definitivamente.

Não vi a saída da procissão que se anunciava bonita, pois tive que percorrer as obras do trecho da rodovia Camamu – Itacaré que não pararam no último dia do ano, para se aproveitar o dia ensolarado que compensava os dias de chuva intensa que castigou esta região o ano inteiro e atrasou a conclusão das obras da estrada.

Trabalhei até às cinco da tarde e fui para o Bar da Marina São Jorge, que fica no melhor estaleiro da Bahia, esperar o retorno da romaria. A quantidade de gente no próprio bar e por toda a orla de Camamu defronte onde eu estava era impressionante, pois contrastava com a rotina da cidade que, em geral, fica quase que deserta.

Às seis da tarde começaram a chegar os primeiros barcos e com eles os primeiros fogos vindos da procissão e da orla da cidade que contagiavam a população, que em delírio saudavam os primeiros navegantes. Paulatinamente toda a romaria adentrou a cidade, trazendo de volta a mistura de sons, e intensificou-se o espocar dos fogos que iluminaram à noite de Camamu até às oito horas da noite.

Terminada a folia dos barcos, rapidamente o bar e a cidade defronte se esvaziaram e, pelo que eu pude entender, todos iriam para suas casas colocarem suas melhores vestimentas para saudarem o novo ano que se aproximava. Recebi até alguns convites de conhecidos, mas não quis trocar meu calção e minha camisa do Bahia por uma roupa que sequer tinha trazido para Camamu. Optei pela festa popular que contava com um mini trio que percorria a pequena orla. Instalei-me no Quiosque da Lili, mas meus velhos e cansados ouvidos não suportaram a tortura musical dos esforçados músicos da região. Às nove e trinta estava de volta ao meu quarto da pousada esperando pacientemente pelas ligações da minha família.

À meia-noite espocaram-se alguns fogos em diversos pontos da cidade, mas sem a intensidade do que ocorreu na romaria. Aproveitei a calmaria e programei meu celular para me despertar às seis da manhã e fui dormir, na certeza de que no dia seguinte o cais voltaria ao seu ritmo normal.

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